sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal

A data de 25 de Dezembro não é a data real do nascimento de Jesus. No entanto, a Igreja entendeu que devia cristianizar as festividades pagãs que os vários povos celebravam por altura do solstício de Inverno.
Seja como for, Natal é Natal, é altura de partilha de afectos, de sentimentos e de recordações. Nessas muitas recordações, lembro-me sempre, de uma pessoa muito especial na minha vida, o meu Avô Joaquim Heitor, com ele, o nosso Natal era vivido de uma outra forma, com um sabor diferente, um estado de espírito distinto.
O Natal era vivido com a tradição e o respeito de gerações antepassadas, hábitos e rotinas que não permitiam o desvio a veleidades e modernismos que pudessem pôr em causa o mais importante do Natal, a partilha e o respeito pelo outro!
O Natal era de facto especial. Aprendemos que o mais importante da vida é a nossa dignidade e para que o sejamos, temos a incumbência de respeitar o próximo.
De uma forma simples e humilde vivemos momentos de grande fraternidade, de amizade e de crescimento humano.
Mais tarde, descobri que o Natal, também deve ser um momento de reflexão e de esperança para com o futuro. Aprendi a ouvir Cat Stevens, e porque há temas, que nos entram no coração, melodias deliciosas, mas de grande meditação.
Algumas são sempre muito especiais, de (re) ouvir, tais como, “Peace train”

Eu tenho estado mais feliz, pensando nas coisas boas que estão para vir
e eu acredito, só nas coisas boas que estão para vir

Tenho sorrido mais agora, sonhando com um mundo bem melhor
e eu acredito, sei que esse dia chegará

A causa para o fim da escuridão, logo chegará no comboio da paz
ele chegará a este país, haverá sossego outra vez

Eu tenho estado mais feliz, pensando nas coisas boas que estão para vir
e eu acredito, só nas coisas boas que estão para vir

Oh comboio da paz que vem apitando
está a chegar o comboio da paz
aproxima-se o comboio da paz
Sim, o Santo comboio da paz

Todos entram no comboio da paz
está chegando o comboio da paz

Coloca a tua bagagem, traz os teus amigos
ele está mais próximo, logo estará contigo…
Vem agora e juntar-se-á a nós, não estamos longe de ti
está cada vez mais próximo, logo tudo será real
Tenho chorado ultimamente, vendo o mundo como está
Porque temos que nos odiar? Porque não podemos viver felizes?

A causa para o fim da escuridão, logo chegará no comboio da paz
ele chegará a este país, haverá sossego outra vez

Um pouco de Utopia, faz sempre bem ao nosso espírito e alimenta a esperança que um dia este Mundo será melhor, com mais Paz, mais Alegria e que se possa viver, sempre, com o verdadeiro espírito Natalício.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Voto de Pesar apresentado pela Bancada do Partido Socialista de Mêda na Assembleia Municipal no dia 21 de Dezembro de 2010

Voto de Pesar, apresentado pela Bancada do Partido Socialista de Mêda na Assembleia Municipal no dia 21 de Dezembro de 2010 – Aprovado por unanimidade.


No passado dia 24 de Outubro faleceu o Sr. Padre José Maria de Lacerda, nascido a 1 de Abril de 1917, tendo portanto 93 anos de idade.

Não era um homem da terra, mas que chegou à terra muito novo.
Chegou simples, mas com dignidade no seu tempo.
Viveu simples e com parcos recursos.
Morreu simples e pediu para o enterrarem com os pés descalços.
A sua acção estendeu-se desde a Pastoral Religiosa, à intervenção Social, ao Ensino e Cultura.

Na sua pastoral religiosa divulgou a fé em Cristo, os princípios do catolicismo com racionalismo e com rigor. Pregava a Fé mas não alinhava em práticas de muito folclore, combatia o obscurantismo, a bruxaria, “as rezas” os defumadouros e não se lhe conhecem práticas de exorcismo. Catequizou e organizou o seu ensino aos mais jovens.

Era assíduo nas suas práticas da missa, dos terços e novenas. Esteve presente nos baptizados, nos crismas, nos casamentos e na morte de várias gerações. Conheceu todas as casas da Vila, todos os casais, sua composição e seus modos de vida. Poucas casas não eram visitadas. E se não era recebido era por que o não queriam ou por que ele não concordava com o modo de vida das pessoas em causa. Não era muito adepto da Fé transformada em actos de folclore.

A sua acção social notou-se: Liderou o movimento da Caritas, no após guerra. Roupas e comida foram distribuídas por casais de menos recursos. Construiu as primeiras casas para pobres no bairro do Barrocal. Recebeu crianças refugiadas no após guerra. No Patronato deu de comer a alguns mais desfavorecidos. Com as suas expensas educou vários jovens.

Levou a cabo a organização do Patronato onde funcionou o ensino pré-escolar nos anos 50 e foi escola de formação feminina em trabalhos manuais, costura, preparação para vida doméstica e práticas de higiene e limpeza. Lançou os movimentos da Acção Católica, da Juventude Operaria Católica. Até na Direcção da Adega Cooperativa ajudou. Congregou e recebeu sempre os emigrantes medenses.

Na Cultura desde muito cedo esteve ligado ao teatro dos jovens estudantes, promoveu sessões de cinema de entrada livre, esteve ligado ao grupo fundador do Jornal da Luz da Beira e no qual sempre colaborou. Promoveu viagens, abriu portas e ajudou muitos a olhar e verem os outros mundos e outras alternativas.

No Ensino foi o pai fundador do ensino do Secundário em Meda. Lançou as bases do Externato de Santo António de Meda nos anos 60. Por ali passaram gerações e gerações de jovens, que vieram a ser os administrativos, os bancários, os professores das nossas aldeias, os técnicos de contas, os topógrafos, os engenheiros, os economistas, os médicos, os enfermeiros, advogados e outras mais profissões do Portugal do 25 de Abril.

O Terreiro de São Domingos poderia muito bem vir a ser e merecer um busto de lembrança ao Padre José Maria de Lacerda, em frente á casa onde funcionou a primeira sala de aulas do Externato. E numa lápide de pedra poderia escrever-se: “Um homem para quem o saber valeu mais que o ter”.

A Assembleia Municipal de Meda manifesta o seu mais profundo pesar pela morte do Sr. Padre José Maria de Lacerda e manifesta à família as mais sentidas condolências.

Em honra à sua memória, proponho que este órgão guarde um minuto de silêncio, perpetuando a referência do Senhor Padre José Maria de Lacerda nesta cidade e neste concelho.

Mêda, 21 de Dezembro de 2010

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sr. Vigário, (Padre Lacerda), Até Sempre...

Há momentos e pessoas que marcam as nossas vidas…
O Sr. Padre Lacerda, ou melhor, o Sr. Vigário ficará eternamente nas nossas memórias.
O seu falecimento, faz-nos pensar, reflectir na sua forma peculiar de estar e que muito contribui para o desenvolvimento da Mêda.
Uma memória colectiva é o seu legado, que merece eternamente ser homenageado, pessoa de carácter e de missão cumprida em prol de Gerações, permitindo que muitos Medenses, hoje, vivam melhor e tenham logrado das oportunidades que o Externato Santo António, abriu…
A sua obra, a sua vida, o seu olhar, a sua postura, o seu temperamento, fizeram dele uma pessoa invulgar.
Ao reconhecer as suas virtudes, admito também, as suas debilidades, que por vezes, com um temperamento tempestivo e uma moralidade conservadora tenham causado alguma insipidez.
Mas a sua vida, foi uma vida de causas, de missão e de benemérito a Gerações, que certamente não o irão esquecer!

Bem-haja Sr. Vigário…

Deixo, umas pequenas e humildes palavras que redigi na altura da despedida do Sr. Vigário e que foram publicadas (há já alguns anos).


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

AQUELOUTRO

O dúbio mascarado o mentiroso
Afinal, que passou na vida incógnito
O Rei-lua postiço, o falso atónito;
Bem no fundo o covarde rigoroso.

Em vez de Pajem bobo presunçoso.
Sua Ama de neve asco de um vómito.
Seu ânimo cantado como indómito
Um lacaio invertido e pressuroso.

O sem nervos nem ânsia - o papa- açorda,
(Seu coração talvez movido a corda...)
Apesar de seus berros ao Ideal

O corrido, o raimoso, o desleal
O balofo arrotando Império astral
O mago sem condão, o Esfinge Gorda.


Mário de Sá-Carneiro

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Moção apresentada pela Bancada do Partido Socialista de Mêda na Assembleia Municipal no dia 30 de Setembro de 2010

Moção apresentada pela Bancada do Partido Socialista de Mêda na Assembleia Municipal no dia 30 de Setembro de 2010 – Aprovada por unanimidade.


Sendo do conhecimento de todos que o Governo tencionava isentar dentro das SCUT´s a A23 e A25, mas tal não aconteceu por imposição clara do maior partido da oposição (PPD/PSD), vimos, com desagrado, que apesar do Governo ter encontrado uma solução de compromisso e discriminação positiva para com o Interior, nós Medenses não podemos aceitar que face à nossa já periférica posição dentro do Distrito sejamos ainda mais discriminados na medida que não seremos abrangidos, ao contrário da quase totalidade dos concelhos limítrofes pela isenção que permitirá aos seus habitantes fazem-se deslocar sem custos nestas duas vias.

Certo que o Concelho da Mêda dista a mais de 20Km das mesmas, não é menos verdade que os indicadores de desenvolvimento socioeconómicos justificariam que face ao desfavorecimento ao qual este Concelho está votado que se reconsidere-se a 1ª premissa isentando também os Medenses que pretendem de futuro usufruir estas duas vias, potenciando sobremaneira e contrariando quase certo o definhamento deste território.

Mais alertamos que somos um Concelho com o menor rendimento percapita do Distrito e do País, situação à qual se alia o facto de não sermos contemplados por uma via estruturante de grandes dimensões, entende-se Auto-Estradas (salientamos que apesar da construção do IP2) este não permite que possamos deslocarmo-nos à sede do Distrito sem custos.

Assim, e dadas as circunstâncias apresentadas, não nos parece justo que haja cidadãos do nosso Distrito que sejam claramente favorecidos quando os mesmos têm rendimentos socioeconómicos superiores aos nossos.

Face a esta conjuntura, somos obrigados acreditar que só poderá ser um engano o facto de quererem que aqueles que nos 36 anos de Democracia não usufruíram de qualquer tipo de infra-estruturas, IP e AE, sejam os primeiros, e quase únicos, deste Distrito a ter que pagar portagens na A23 e A25, únicos eixos que nos poderão levar ao desenvolvimento.

Pelo exposto, pedimos que esta Moção vos possa sensibilizar e demover esta discriminação claramente negativa para com aqueles que mais isolados estão e mais sofrem de subdesenvolvimento. Por um Portugal igualitário nas oportunidades os Medenses exigem, por esta forma, serem incluídos num conjunto de Concelhos do seu Distrito, contemplados com a isenção do pagamento de portagens da A23 e A25.



1º Subscritor
Cláudio Jorge Heitor Rebelo

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

No imaginário da vida

Porque hoje estou mais triste...
Ao meu sogro que partiu, mas, onde quer que esteja, deixo-lhe estas breves palavras que decidi escrever esta manhã entre um café e um sonho mal acordado.

Até Sempre, Raul.



No imaginário da vida
há sempre uma raiz mais funda
há sempre um rebento mais forte
um fruto mais viçoso.

No imaginário da vida
há um rosto de fantasia
que nos leva mais além,
que nos faz acreditar
que tudo é eterno…

Porém, no cintilar de uma espera
há um receio,
uma fraqueza,
sem que se estivesse a contar
emerge uma dor de perda
sem o sol da luz da manhã
tudo se esvai
a esperança e a fé.

Mas no imaginário da vida
há o brilho da ilusão
que nos faz acreditar
que há sempre mais um Verão
cheio de calor e de esperança
da inquietude da vida
e no reboliço dos sonhos
entre o cheiro das flores
vejo no sorriso do teu olhar
o amanhã a florir com tulipas
e orquídeas do teu coração…
Cláudio Heitor Rebelo
(Porto - 02-08-2010)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Comparar-te a um Dia de Verão?

Comparar-te a um dia de verão?
Há mais ternura em ti, ainda assim:
um Maio em flor às mãos do furacão,
o foral do verão que chega ao fim.
Por vezes brilha ardendo o olhar do céu;
outras, desfaz-se a compleição doirada,
perde beleza a beleza; e o que perdeu
vai no acaso, na natureza, em nada.
Mas juro-te que o teu humano Verão
será eterno; sempre crescerás
indiferente ao tempo na canção;
e, na canção sem morte, viverás:
Porque o mundo, que vê e que respira,
te verá respirar na minha lira.

William Shakespeare, in "Sonetos"

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A propósito das SCUT´s

A propósito das SCUT´s

A propósito das SCUT´s… e após a leitura de um artigo de opinião publicado pelo Correio da Manhã – jornal que raramente leio pois não aprecio particularmente, por o conotar com uma espécie de “Diário de um Serial Killer”.
Um domingo destes, enquanto tomava café, detive-me na leitura transversal do Diário e, surpreendentemente ou não, prestei atenção a um artigo da autoria do Dr. Francisco Moita Flores. Fiquei sem perceber se o escrevia na qualidade de escritor, ex-agente criminal, investigador, ou na qualidade de Presidente da Câmara.
Presumindo que o fez enquanto edil de Santarém, o Dr. Moita Flores impressionou-me, desta vez e ao contrário do habitual, pela negativa.
O próprio revela dificuldade em perceber o que se entende por Discriminação Positiva, baseada na ideia da existência de portugueses diferenciados, afirma mesmo que admitir uma diferença de estatuto económico, de estatuto diferenciado, não ia de encontro às suas convicções.
Mais acrescenta que os moradores da margem Sul do Tejo e que diariamente atravessam o rio, sendo que para tal pagam um título de transporte de forma a se deslocarem para os seus locais de trabalho, são aqueles que são discriminadas de modo negativo. Eu pergunto, será que Moita Flores desconhece que, por exemplo, o Metro e a Carris que todos os dias, meses e anos asseguram o transporte destes Portugueses, dão ao Estado prejuízo. Lembro que todos nós cidadãos contribuímos com os nossos impostos para a manutenção desses serviços, dos quais nem todos usufruímos. Entendamos então que a discriminação positiva também existe na capital.
Não cabe discutir aqui esta e muitas outras formas de discriminação do Litoral face ao Interior, até porque estou ciente que, muitas dessas pessoas descritas por Moita Flores, são oriundas do Interior do país. Vítimas de deslocações forçadas pela discrepância profundíssima de empregabilidade. Aqui sim, reside uma discriminação administrativa e jurídica no nosso território para com os portugueses do Interior.
Detenhamo-nos nas SCUT´s que para Moita Flores só poderão cingir-se a uma regra, adequada à série de dificuldades económicas criadas pela crise global e transversal que o país atravessa: Quem utiliza paga! Eu não me desloco, logo não tenho que contribuir para a manutenção destas SCUT´s.
Depois de reflectir sobre este axioma, deduzo a necessidade de contabilizar outras premissas e refutar tal ideia. O cidadão do Distrito da Guarda entende justa a Discriminação Positiva, e lutará pela isenção no pagamento das SCUTS, nomeadamente na A23 e A25 baseada em pressupostos, entre os quais:
- Na própria génese, a construção do IP5, transformado posteriormente em A25, financiado com Fundos da União Europeia, salientando-se então a isenção de portagens.
- Na época, o Interior foi gravemente discriminado na construção do IP5. Como reconheceu anos mais tarde o então Ministro Ferreira do Amaral, existiam 2 formas de construir um eixo rodoviário de Vilar Formoso/Aveiro, uma Auto-Estrada ou um IP. Foi então decidida a construção de um IP, sendo que a restante verba veio, mais tarde, a permitir a construção da CREL;
- Pela própria definição de SCUT (“Sem Custo para os Utilizadores), justificada por uma efectiva coesão nacional e territorial;
- Pelos indicadores do desenvolvimento socioeconómico, claramente inferiores à média nacional;
- Na realidade que um cidadão do Interior tem forçosamente que se deslocar ao Litoral para resolver enumeras questões nos mais diversos serviços que se encontram longe das suas realidades locais, situação que não encontra reciprocidade, ou seja quem vive no Litoral não necessita de se deslocar ao Interior para resolver os seus problemas. Pergunto, haverá alguém decidido ou que se quer pense transferir Ministérios e outros Serviços Centrais para o Interior do nosso País?
- Nos rendimentos auferidos pelas cidades do Litoral através do investimento público (Universidades, Hospitais e outros Serviços) que se tornam fontes de emprego e de rendimento. Vejamos, todos os anos assistimos à procura de milhares de jovens do nosso Distrito de escolas e Universidades nos grandes centros urbanos, uma deslocação que obriga a que estes jovens e seus pais tenham que pagar alojamento, alimentação, e outros custos inerentes aos cursos que frequentam. Em suma, são todos os anos despejados no Litoral milhões de euros provenientes das famílias do Interior, que deste modo têm de pagar para usufruírem de um serviço público que não possuem na sua área de residência.
Note-se que poderíamos enumerar um enorme conjunto de serviços, onde a população do Interior é obrigada a deslocar-se contribuindo para que esses serviços se mantenham abertos no Litoral.
- Na realidade de que o Interior contribui para o enriquecimento do Litoral, uma vez que, as suas populações são obrigadas a migrar para o Litoral, provocando um aumento demográfico, habitacional, emprego, equipamentos sociais, entre outros…
- Na restituição do IP5 para que possamos deslocarmo-nos até Viseu, ou a Aveiro sem portagens, uma vez que, o actual estado de conservação das vias alternativas às SCUTS, torna-as hoje piores do que há 20 ou 30 anos atrás. Note-se ainda a escassez de alternativas ferroviárias.
- Na informação que 80% do traçado da A25 no Distrito da Guarda o limite de velocidade é de 100Km/h, revelando que em termos de segurança rodoviária o troço fica aquém de outros troços da mesma Auto-Estrada e de outras.
Por tudo isto, entendemos merecida a discriminação, exigindo justiça para com as pessoas do Interior, uma justiça só possível com uma discriminação positiva.
Reconheço mérito a Moita Flores, mas também entendo que ninguém é Senhor da Razão e assim a Razão tem que ser repartida.
As razões de ser Beirão só um Beirão as poderá conhecer e, por isso, entendemos bem a discriminação que uma vez mais estamos a ser alvo. Cabe-nos não ficar calados!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Uma Cantiga...

Neste fim de tarde, quis recordar um tema muito particular e de muito significado - “ Menina dos Olhos de Água” do Pedro Barroso – mas como as músicas, por vezes, são como as cerejas, não conseguimos parar e assim quis também recordar um tema que por certo se enquadra no espírito de Abril, aqui deixo uma das letras mais interessantes que conheço e por certo encantará Orpheu nos momentos de maior comodismo e de laxismo.

- A cantiga é uma arma de José Mário Branco -

a cantiga é uma arma

eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

há canta por interesse
há quem cante por cantar
há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
para não perder o lugar

a cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

O faduncho choradinho
de tabernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções

a cantiga é uma arma(contra quem?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegriaa cantiga é uma arma
de pontaria

Se tu cantas a reboque
não vale a pena cantar
se vais à frente demais
bem te podes engasgar
a cantiga só é arma
quando a luta acompanhar

a cantiga é uma arma
contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma armade pontaria

Uma arma eficiente
fabricada com cuidado
deve ter um mecanismo
bem perfeito e oleado
e o canto com uma arma
deve ser bem fabricado

a cantiga é uma arma
(Contra quem camaradas?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

a cantiga é uma arma
contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
contra a burguesia

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Imaginação

A imaginação é magia e é arte
que nos faz inventar, sonhar e viajar.
Com imaginação podemos ir a Marte
ou ao centro da Terra, ou ao fundo do mar.
Com imaginação nunca estamos sozinhos.
A imaginação é um voo, um lugar
onde temos amigos, onde há outros caminhos
nos quais, sem te mexeres, podes ir passear.
Inventa uma cantiga, um poema, um desenho
um arco-íris, um rio por entre malmequeres;
esse lugar é teu, sem limite ou tamanho.
A esse teu lugar, só vai quem tu quiseres.

Rosa Lobato Faria