terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Qual a saída para toda esta desgraça?

O País ainda não acordou... vive numa profunda letargia que ofusca a realidade...
O início do próximo ano está aí e tudo será diferente, diferente para pior. Tudo será mais caro, as portagens, as taxas moderadoras, a luz, a água, as telecomunicações, os benefícios fiscais, os transportes ditos públicos, em suma tudo será mais caro, em claro contraste com os ordenados.

Torna-se natural perguntar: Qual a saída para toda esta desgraça?

Emigrar é a resposta dada pelos senhores governantes...ao que parece que existe um excesso de portugueses em Portugal.
Não é nenhuma novidade pois há algumas semanas, um secretário de Estado para a Juventude apontava a Emigração como caminho para a Salvação dos estudantes. Agora há poucos dias, o Sr. 1º Ministro disse que os professores desempregados deviam emigrar para os países lusófonos, nos quais encontrariam a felicidade. Até parece que os incentivos à língua Portuguesa é a grande paixão deste governo! Para compor o ramalhete, veio o dr. Telmo Correia, com a sua sabedoria cristã dizendo que este é o caminho, este é o destino.

Pois bem, e os velhos? como escreveu Baptista Bastos, "Que fazer dos velhos que enchem os jardins e a paciência de quem governa? Os velhos não servem para nada, nem sequer para mandar embora, não produzem a não ser chatices, e apenas valem para compor o poema do O'Neill, e só no poema do O'Neill eles saltam para o colo das pessoas. Os velhos arrastam-se pelas ruas, melancólicos, incómodos e inúteis, sentam--se a apanhar o sol; que fazer deles?



Talvez não fosse má ideia o Governo, este Governo embaraçado com a existência de tantos portugueses, e estorvado com a persistência dos velhos em continuar vivos, resolver oferecer-lhes uns comprimidos infalíveis, exactos e letais. Nada que a História não tivesse já feito. Os celtas atiravam os velhos dos penhascos e seguiam em frente, sem remorsos nem pesares. "


Porém existem ainda outros problemas, como a fome e esta é transversal desde os mais novos aos mais velhos. Hoje as escolas, servem de refeitório e de grande ajuda para crianças de barriga vazia. Graças a medidas reformistas do anterior executivo permite que hoje a "escola" seja um albergue de felicidade. A escola tornou-se apetecível para muitas crianças, mais do que nunca é o local em que podemos aprender, aprender e também comer...Alimentar o ego, alimentar a esperança que um dia tudo será diferente, tudo será melhor.

Porém, existem escolas já não têm o que lhes dar. Há cantinas que reabrem, mesmo durante as férias, e sempre se arranja uma carcaça, um leite morno, nada mais, oferecidos por quem dá o pouco que não tem.

Aliada à fome virá mais miséria, mais insegurança, mais violência, mais assaltos, mais vandalismos, mais roubos e uma maior instabilidade social. Como se pôde assistir aos últimos acontecimentos, este foi o mês das greves, foi mês de polémicas entre PSD e PS, foi mês de discussão sobre pontes, feriados e férias, foi o mês da polémica introdução de portagens nas antigas Scut.... Este é o tónico para o virar de ciclo, para o virar de rumo, para o aumentar de muitas dores de cabeça para os portugueses...

São muitos os silêncios que não auguram nada de bom para os próximos tempos e como escreveu há dias uma professora no facebook uma carta ao Senhor primeiro-ministro, em que dizia:" vou poupá-lo a mais pormenores sobre a minha vida. Tenho a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos. Sou doutoranda e investigadora da Universidade do Minho. Os meus pais, que deviam estar a reformar-se, depois de uma vida dedicada à investigação, ao ensino, ao crescimento deste país e das suas filhas e netos, os meus pais, que deviam estar a comprar uma casinha na praia para conhecerem algum descanso e descontracção, continuam a trabalhar e estão a assegurar aos meus filhos aquilo que eu não posso. Material escolar. Roupa. Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres. Actividades extra-escolares.

Quanto a mim, tenho actualmente como ordenado fixo 405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. A universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais uma vez reduzir-me o ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos verdes. Não sou independente, senhor primeiro-ministro. Sempre que tenho extras tenho de contar com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos em casa. Tenho uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua vez, deveria ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de três a fim que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito pois sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.

Tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: nunca fui administradora de coisa nenhuma e o salário mais elevado que auferi até hoje não chegava aos mil euros. Isto foi ainda no tempo dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do meu Renault Clio com cinco contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana. Talvez isso fosse viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que fiz a Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu trabalho tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me custou 2 mil euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiro-ministro, por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de transportes públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido uma inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe, senhor primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça emigrar…

Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa. Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: Tenho mais habilitações literárias que o senhor. Tenho mais experiência profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor do que o senhor. Falo inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não falo alemão mas duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a utilidade de saber tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o senhor. Mas como o senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus governados, quero pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si.

Agora que penso emigrar, que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que nasceram em Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu país, separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro) para que não se torne também eleum excedentário no seu próprio país? Ou, ainda, que venha comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito mais valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as melhores condições para crescer pois ele é um dos seus melhores – e cada vez mais raros – valores: um ser humano em formação.

Bom, esta carta que, estou praticamente certa, o senhor não irá ler já vai longa. Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito mais a este país do que o senhor. Já trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e não tenho qualquer dúvida de que sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente menos. Para ser mais exacta o meu IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca."

Por último, termino prefaciando uma vez mais BB:
"Para que serve este Governo?, a quem favorece, a quem brinda, a quem satisfaz? Podem, em consciência, os seus panegiristas passar ao lado das infâmias a que assistimos, e continuar omissos ou desbragadamente cortesãos? Podem. É ao que temos vindo a assistir. O Governo administra o ódio e o desprezo com a indiferença gélida de quem não é por nós. Diz-se que o anterior Executivo vivia da e na mentira. Este subsiste de quê?"

domingo, 18 de dezembro de 2011

O Governo mente e o Interior sente...

Para conhecimento e tratamento informativo o Partido Socialista de Meda apresentou uma Nota Informativa relativa ao pagamento de portagens “O Governo Mente e o Interior Sente”.

O Partido Socialista de Mêda sempre defendeu a isenção das portagens nas A23, A24 e A25. Estas vias poderiam servir de alavancagem para que fosse possível a fixação de empresas e assim possam contrariar a triste sina do êxodo e do estrangulamento das populações do território de uma parte significativa do nosso País.


A discriminação positiva é uma discriminação mais do que justa com as pessoas que resistem em viver no Interior do País e em especial no Distrito da Guarda. O PS Mêda exige justiça com as suas populações pois não usufruímos do investimento de todas aquelas empresas públicas localizadas no litoral que geram emprego mas também divida como o Metro, a Carris e tantas outras para as quais todos os portugueses sem excepção, dos quais fazemos parte, contribuímos com os nossos impostos, de forma a que as mesmas gerem emprego e serviços, dos quais não usufruímos, para que possam melhorar a nossa qualidade de vida.

O PS Mêda apresentou há mais de um ano uma moção na Assembleia Municipal de Mêda em que repudiava qualquer medida que discriminasse, uma vez mais, o nosso concelho, o nosso distrito e a nossa região.
Assim, alertamos que somos um Concelho com baixo rendimento percapita no Distrito e no País. A esta situação alia-se o facto de não sermos contemplados por uma qualquer via estruturante de grandes dimensões, entenda-se auto-estrada, salientamos o IP2, no entanto este eixo não permite que possamos deslocarmo-nos à sede do Distrito sem custos.

Face a esta conjuntura, fomos obrigados acreditar que só poderá ser um engano o facto de quererem que aqueles que nos 37 anos de Democracia não usufruíram de qualquer tipo de infra-estruturas, IP ou AE, sejam os primeiros e quase únicos deste Distrito a ter que pagar portagens na A23 e A25, únicos eixos que nos poderão levar ao desenvolvimento. No entanto, depois de muitas incertezas e introduzidas a cobrança de portagens nas Scut´s no passado dia 8, o PS Mêda pergunta:
Onde estão contempladas as 10 isenções por mês a todos os Medenses que aderiram à dita “Isenção Positiva” e que pretendem deslocar-se à Capital de distrito (cidade da Guarda)?


Porque queremos saber, o porquê de estarem a ser cobradas portagens no pórtico da A25 designado por IP2 Norte e não estão a ser descontadas ou contabilizadas as 10 isenções...

Esta situação é tão caricata que, uma deslocação com a passagem de mais que um pórtico é contabilizada nas 10 isenções mensais e na passagem de apenas um pórtico não permite qualquer isenção.


É caso para se dizer: Fomos enganados, mas não ficaremos parados...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Os Amigos

Recordar Al Berto (Alberto Raposo Pidwell Tavares), conhecio-o de forma muito fugaz, mas de muito cedo que me fascinou a sua escrita.

...................Os Amigos............................

no regresso encontrei aqueles
que haviam estendido o sedento corpo
sobre infindáveis areias

tinham os gestos lentos das feras amansadas
e o mar iluminava-lhes as máscaras
esculpidas pelo dedo errante da noite

prendiam sóis nos cabelos entrançados
lentamente
moldavam o rosto lívido como um osso
mas estavam vivos quando lhes toquei
depois
a solidão transformou-os de novo em dor
e nenhum quis pernoitar na respiração
do lume

ofereci-lhes mel e ensinei-os a escutar
a flor que murcha no estremecer da luz
levei-os comigo
até onde o perfume insensato de um poema
os transmudou em remota e resignada ausência

De: Al Berto, in 'Sete Poemas do Regresso de Lázaro'

domingo, 4 de dezembro de 2011

A crise está aí!

A crise está aí e mais do que a crise económica é a crise das palavras...todos nos tentamos desculpabilizar pois o estado de pecado no homem não é um facto, senão apenas a interpretação de um facto, a saber: de um mal-estar fisiológico, considerado sob o ponto de vista moral e religioso. O sentir-se alguém «culpado» e «pecador», não prova que na realidade o esteja, como sentir-se alguém bem não prova que na realidade esteja bem...segundo Nietzsche.


A crise deveu-se a muitos factores, erros do passado e do presente, conjunturas complexas e imprevisiveis, uns apontam que o maior factor desta crise se deve ao comércio externo, terá sido a produção de bens, a falta de inovação, a emigração, foi a imigração, resultados de uma civilego necessária para assegurar o estado social, a fuga a fundos, a fuga ao fisco, um aumento da economia paralela, o aumento da corrupção, foram as off-shores, foi a especulação financeira, será o darwinismo no mundo financeiro, a bolha imobiliária, a falta de crédito...


Os Portugueses apontam vários responsáveis no entanto, a guerra entre o público e o privado já começou, espero que as reporcussões não sejam maiores mas os próximos tempos tudo entrará em reboliço e seja de quem for a culpa, esta não poderá morrer solteira. Enquanto esperamos que o tempo se encarregue de julgar, deixo dois pontos de vista. Dois artigos, o primeiro da autoria de Henrique Raposo (Jornal Expresso) e o segundo de Pedro Santos Guerreiro (Jornal de Negócios).
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“Caro funcionário da República, hoje sou apenas o portador de uma mensagem do meu primo (sim, as bestas reacionárias também têm primos). O meu primo trabalha numa empresa que, como tantas outras, enfrenta imensas dificuldades. A hipótese da falência deixou de ser uma coisa longínqua e, por arrastamento, o desemprego passou a ser um cenário possível. E é assim há muito tempo. Há muito tempo que este pesadelo está ali ao virar da esquina. Portanto, a mensagem do meu primo começa assim: V. Exa. está disponível para trocar o seu vínculo-vitalício-ao-Estado por um contrato-ameaçado-pela-falência-e-pelo-desemprego? Quer trocar 12 meses certíssimos por 14 meses incertos?

Depois, o meu primo gostava de compreender uma coisa. Se a empresa dele fechar, ele cairá no desemprego e terá de procurar emprego novo. Mas se a repartição pública de V. Exa. fechar, o meu caro funcionário da República irá para o "quadro de excedentários". Por que razão V. Exa. tem direito a esta rede de segurança que mais ninguém tem? Porquê? Em anexo, o meu primo gostava de propor outra troca: V. Exa. está disponível para trocar a ADSE pelo SNS? Sim, porque o meu primo tem de ir aos serviços públicos (SNS), mas V. Exa. pode ir a clínicas e hospitais privados através da ADSE. Quer trocar? E, depois de pensar na ADSE, V. Exa. devia pensar noutro pormenor: a taxa de absentismo de V. Exa. é seis vezes superior à das empresas normais, como aquela do meu primo. E, ainda por cima, o meu primo não tem uma cantina com almoços a 3 euros, nem promoções automáticas. Mas vai ter de trabalhar mais meia-hora por dia.

Para terminar, o meu primo está muito curioso sobre uma coisa: das milhares e milhares de famílias que deixaram de pagar a prestação da casa ao banco, quantas pertencem a funcionários públicos? Quantas? Eu aposto que são pouquíssimas. Portanto, eu e o meu primo voltamos a colocar a questão inicial: V. Exa. quer trocar? V. Exa. quer vir trabalhar para uma empresa real da economia real que pode realmente entrar em falência e atirar os empregados para a realidade do desemprego? V. Exa. quer trocar a síndrome do funcionário público pela síndrome do desemprego?”
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Missionários públicos
“Dava 24% do seu salário em troca da segurança de emprego vitalício? Muitos funcionários públicos deram, mesmo que ninguém lhe tenha perguntado nada. Com os pensionistas, pior: ninguém lhes ouve sequer um pio. A decisão poupa milhões. Mas sendo uma medida com muito corpo, ela não tem pés nem cabeça. Acha mesmo que "é bem feita"?... Que é assim que se reestrutura o Estado? Muitos acham. Há uma colectividade numerosa que defende estes cortes com base em dois argumentos: o de que os funcionários públicos têm segurança no trabalho; e que ganham mais do que o sector privado. Esta raiva contra a Função Pública é já um sintoma de cisão social. Mas está assente em várias falácias. Os trabalhadores com contrato de função pública têm segurança do trabalho (apetece dizer: por enquanto). Mas estes cortes afectam muitos outros que a não têm: os funcionários das empresas públicas, de empresas municipais e de institutos que venham a ser extintos, se tiverem contrato individual de trabalho. Mas a principal falácia é outra: a de que os funcionários públicos ganham mais. Isso é verdade... em média.

Segundo estudos do Banco de Portugal, os funcionários públicos auferem entre 10% e 20% de remuneração superior à iniciativa privada. No entanto, são os que estão nas funções de baixas qualificações que ganham mais, o que se inverte ao longo da hierarquia. Ou seja, quanto "pior" se é, mais se ganha face às empresas; quanto "melhor" se é, pior se ganha comparando com a iniciativa privada. Esta disfunção salarial é conhecida e não é resolvida, antes agravada, por este corte de salários cego. Quem mais ganha terá um corte superior a quem menos ganha, o que sendo socialmente justo, alarga o fosso face à iniciativa privada. O incentivo para sair da Função Pública (ou para baixar os braços) é agora grande e aqueles que o poderão fazer são os melhores.


Há quem ache que são todos malandros e portanto é correr com eles. Essa sanha é míope: a desvalorização da Função Pública tem sido um pecado contra o Estado quase tão grande quanto foi a engorda do número dos seus quadros. O problema da Função Pública é ser grande demais para o que faz (ou produzir de menos para a dimensão que tem), estar muitíssimo mal chefiada, mal distribuída e enfeudada. Seria estrategicamente melhor para o Estado ter feito um despedimento do que este corte cego. Os custos sociais, no entanto, seriam impraticáveis, tendo em conta o desemprego. Ver tanta gente a exultar com esta navalhada é inquietante. Como o é ver que ninguém parece querer falar dos pensionistas, a quem também se retiram 14% das pensões dos próximos dois anos. Talvez seja porque os pensionistas não tenham sindicato... Mas não duvide: o Estado está a falhar num contrato que assinou. E se o Governo diz que 80% dos pensionistas não serão afectados, isso só significa que 80% das pensões são baixas. O Governo ainda não explicou as contas para um corte tão profundo. O desvio do défice do primeiro semestre explica muito mas não tudo. Parece claro que o corte prometido da despesa intermédia está a falhar, e que a reforma do Estado avança como um caracol. E que, portanto, Vítor Gaspar pôs cinto e suspensórios: cortou salários e pensões, que é a forma mais segura de garantir corte de despesa. Vítor Gaspar faz bem em assegurar o cumprimento das metas mas isso não pode significar a desistência do que Pedro Passos Coelho prometeu e ainda não fez.


E, já agora, se o primeiro-ministro está tão cismado em encontrar os responsáveis políticos do desmando actual, devia actuar junto do mesmo sistema que o fez e fará medrar: o político. O financiamento partidário. O número de deputados. A reforma administrativa, que tem de ir mais longe. Não havia alternativa a medidas com este alcance. Mas havia outras medidas possíveis. Teria sido melhor um imposto extraordinário sobre todos os rendimentos e sobre todo o património. É polémico, claro, mas não menos do que cortar salários à Função Pública. O Governo, que está refém da sua própria pressão de cortar despesa, optou por um caminho que corre o risco da demagogia. O Estado não está a reestruturar a Função Pública, está a aniquilá-la.


O país, no estado que está, precisa da "boa" administração do Estado e é esta que está a enxotar. Arrisca-se a ficar apenas com a "má", que é a comparativamente cara e improdutiva. A todos pede agora compaixão: que apesar de tirar quatro salários dos próximos 48, seja missionário. A salvação do Estado deixou, pois, de ser uma questão de governação. Passou a ser uma questão de fé. Que a fé nos proteja.”

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Um grego responde a um alemão

Desconheço se esta notícia é ou não real. Mas, o seu fundamento é deveras interessante. Vale mesmo a pena ler até ao fim e assim compreendermos a postura autoritária, austera, xenófoba e sem memória que os nossos compatriotas alemães querem escamotear.

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Um GREGO responde a um alemão

Absolutamente a ler até ao fim, esta resposta de um grego a uma carta enviada para a revista Stern escrita por um alemão que se sente ofendido com o "estilo de vida" grego.

“carta aberta” de um cidadão alemão, Walter Wuelleenweber, dirigida a “caros gregos”, com um título e sub-título: Depois da Alemanha ter tido de salvar os bancos, agora tem de salvar também a Grécia. Os gregos, que primeiros fizeram alquimias com o euro, agora, em vez de fazerem economias, fazem greves.

Caros gregos,
Desde 1981 pertencemos à mesma família. Nós, os alemães, contribuímos como ninguém mais para um Fundo comum, com mais de 200 mil milhões de euros, enquanto a Grécia recebeu cerca de 100 mil milhões dessa verba, ou seja a maior parcela per capita de qualquer outro povo da U.E.

Nunca nenhum povo até agora ajudou tanto outro povo e durante tanto tempo.
Vocês são, sinceramente, os amigos mais caros que nós temos. O caso é que não só se enganam a vocês mesmos, como nos enganam a nós.
No essencial, vocês nunca mostraram ser merecedores do nosso Euro. Desde a sua incorporação como moeda da Grécia, nunca conseguiram, até agora, cumprir os critérios de estabilidade. Dentro da U.E., são o povo que mais gasta em bens de consumo.
Vocês descobriram a democracia, por isso devem saber que se governa através da vontade do povo, que é, no fundo, quem tem a responsabilidade.

Não digam, por isso, que só os políticos têm a responsabilidade do desastre. Ninguém vos obrigou a durante anos fugir aos impostos, a opor-se a qualquer política coerente para reduzir os gastos públicos e ninguém vos obrigou a eleger os governantes que têm tido e têm.
Os gregos são quem nos mostrou o caminho da Democracia, da Filosofia e dos primeiros conhecimentos da Economia Nacional.
Mas, agora, mostram-nos um caminho errado. E chegaram onde chegaram, não vão mais adiante!!!
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Na semana seguinte, o Stern publicou uma carta aberta de um grego, dirigida a Wuelleenweber:

Caro Walter, Chamo-me Georgios Psomás. Sou funcionário público e não “empregado público” como, depreciativamente, como insulto, se referem a nós os meus compatriotas e os teus compatriotas.

O meu salário é de 1.000 euros. Por mês, hem!... não vás pensar que por dia, como te querem fazer crer no teu País. Repara que ganho um número que nem sequer é inferior em 1.000 euros ao teu, que é de vários milhares.
Desde 1981, tens razão, estamos na mesma família. Só que nós vos concedemos, em exclusividade, um montão de privilégios, como serem os principais fornecedores do povo grego de tecnologia, armas, infraestruturas (duas autoestradas e dois aeroportos internacionais),
telecomunicações, produtos de consumo, automóveis, etc.. Se me esqueço de alguma coisa, desculpa. Chamo-te a atenção para o facto de sermos, dentro da U.E., os maiores importadores de produtos de consumo que são fabricados nas fábricas alemãs.

A verdade é que não responsabilizamos apenas os nossos políticos pelo desastre da Grécia. Para ele contribuíram muito algumas grandes empresas alemãs, as que pagaram enormes “comissões” aos nossos políticos para terem contratos, para nos venderem de tudo, e uns quantos submarinos fora de uso, que postos no mar, continuam tombados de costas para o ar.
Sei que ainda não dás crédito ao que te escrevo. Tem paciência, espera, lê toda a carta, e se não conseguir convencer-te, autorizo-te a que me expulses da Eurozona, esse lugar de VERDADE, de PROSPERIDADE, da JUSTIÇA e do CORRECTO.

Estimado Walter,
Passou mais de meio século desde que a 2ª Guerra Mundial terminou. QUER DIZER MAIS DE 50 ANOS desde a época em que a Alemanha deveria ter saldado as suas obrigações para com a Grécia.
Estas dívidas, QUE SÓ A ALEMANHA até agora resiste a saldar com a Grécia (Bulgária e Roménia cumpriram, ao pagar as indemnizações estipuladas), e que consistem em:

1. Uma dívida de 80 milhões de marcos alemães por indemnizações, que ficou por pagar da 1ª Guerra Mundial;
2. Dívidas por diferenças de clearing, no período entre-guerras, que ascendem hoje a 593.873.000 dólares EUA.
3. Os empréstimos em obrigações que contraiu o III Reich em nome da Grécia, na ocupação alemã, que ascendem a 3,5 mil milhões de dólares durante todo o período de ocupação.
4. As reparações que deve a Alemanha à Grécia, pelas confiscações, perseguições, execuções e destruições de povoados inteiros, estradas, pontes, linhas férreas, portos, produto do III Reich, e que, segundo o determinado pelos tribunais aliados, ascende a 7,1 mil milhões de dólares, dos quais a Grécia não viu sequer uma nota.
5. As imensuráveis reparações da Alemanha pela morte de 1.125.960 gregos (38,960 executados, 12 mil mortos como dano colateral, 70 mil mortos em combate, 105 mil mortos em campos de concentração na Alemanha, 600 mil mortos de fome, etc., etc.).
6. A tremenda e imensurável ofensa moral provocada ao povo grego e aos ideais humanísticos da cultura grega.

Amigo Walter, sei que não te deve agradar nada o que escrevo. Lamento-o. Mas mais me magoa o que a Alemanha quer fazer comigo e com os meus compatriotas.
Amigo Walter: na Grécia laboram 130 empresas alemãs, entre as quais se incluem todos os colossos da indústria do teu País, as que têm lucros anuais de 6,5 mil milhões de euros. Muito em breve, se as coisas continuarem assim, não poderei comprar mais produtos alemães porque cada
vez tenho menos dinheiro. Eu e os meus compatriotas crescemos sempre com privações, vamos aguentar, não tenhas problema. Podemos viver sem BMW, sem Mercedes, sem Opel, sem Skoda. Deixaremos de comprar produtos do Lidl, do Praktiker, da IKEA.

Mas vocês, Walter, como se vão arranjar com os desempregados que esta situação criará, que por ai os vai obrigar a baixar o seu nível de vida, perder os seus carros de luxo, as suas férias no estrangeiro, as suas excursões sexuais à Tailândia? Vocês (alemães, suecos, holandeses, e restantes “compatriotas” da Eurozona) pretendem que saíamos da Europa, da Eurozona e não sei mais de onde.
Creio firmemente que devemos fazê-lo, para nos salvarmos de uma União que é um bando de especuladores financeiros, uma equipa em que jogamos se consumirmos os produtos que vocês oferecem: empréstimos, bens industriais, bens de consumo, obras faraónicas, etc.

E, finalmente, Walter, devemos “acertar” um outro ponto importante, já que vocês também disso são devedores da Grécia:
EXIGIMOS QUE NOS DEVOLVAM A CIVILIZAÇÃO QUE NOS ROUBARAM!!!
Queremos de volta à Grécia as imortais obras dos nossos antepassados, que estão guardadas nos museus de Berlim, de Munique, de Paris, de Roma e de Londres. E EXIJO QUE SEJA AGORA!! Já que posso morrer de fome, quero morrer ao lado das obras dos meus antepassados.

Cordialmente,
Georgios Psomás

sábado, 12 de novembro de 2011

O mundo mudou, mudou na forma e nos conteúdos a comunicar.

Escrevi estas palavras há algum tempo atrás mas que me parecem actuais, por isso, decidi publicá-las.


A sociedade deixou há muito de valorizar a partilha, a cooperação e a inter-ajuda, tudo isto, entrou em desuso. O individualismo, há muito que se sobrepôs ao colectivismo.
Os sistemas cooperativistas caíram, coincidência ou não parece que tudo ocorreu quando se desfez outro muro ou cortina, fazendo crer que já não existia bem nem mal e que a esperança não era dona de ninguém. O futuro era agora de todos e para todos.

Na educação passamos a utilizar outros “ismos” e os apelos educacionais dos nossos progenitores, tornaram-se confusos, pois:
“Pensa por ti, tens que ser melhor do que os outros... tens que ser o melhor da turma, no futebol, na natação, na música, nos escuteiros, no Cambridge, no Colégio, em tudo que os outros nos colocam, com a premissa: “Tem que ser o melhor, entre os melhores”.
Mas ao Domingo, ou no dia litúrgico, consoante as nossas convicções/obrigações religiosas, e aí, todos nos diziam, mesmo o nosso Deus: “tens que ajudar os que precisam de ajuda, não sejas egoísta... A maior virtude da vida é saber repartir, no fundo é saber partilhar e o mais importante não é ganhar, nem ser o melhor dos melhores, mas sim dar aos outros”.

Discussões teológicas podem levar à inocuidade e nada nos ajudará a explicar a crise que todos vivemos. Ela tem os contornos que queremos equacionar, mas todos passámos em diagnosticar a crise e deixar aos outros para que estes encontrem as soluções dos nossos problemas.
Passámos para os outros a missão de solucionarem os nossos custos, os nossos luxos, os nossos desejos, as nossas vontades, as nossas dívidas, os nossos cartões de crédito, os nossos carros, as nossas casas e, quando entrarem nos nossos carros e nas nossas casas, o que nos irão dizer: “ “.

Foi o noticiário das 8, até amanhã, contamos com a sua companhia.

Enfim, mais ou menos ego(ismos) chegamos onde chegamos, mas como tudo na vida tem solução, excepto a morte, eis que surgiu a esperança, a solução numa única palavra “AUSTERIDADE”. De facto, a austeridade é algo penoso que alterará a qualidade de vida, os gastos, os costumes, as suas rotinas, as vontades...

Para mim o conceito de Austeridade é demasiado perigoso para que possa ser a solução de um perigoso colapso económico e financeiro que o nosso País, a Europa e o Mundo vive.

Talvez, os próximos 5minutos e 35 segundos do Sr. Professor Marck Blyth, nos possa elucidar que a Austeridade é um conceito muito perigoso.

http://www.youtube.com/watch?v=E1Kzp5EVUWg

domingo, 30 de outubro de 2011

O desenvolvimento do subdesenvolvimento

O Professor Boaventura Sousa Santos escreveu na Visão, no passado dia 20, um artigo que merece ser lido por todos os portugueses. Aqui deixo a sua transcrição.

O desenvolvimento do subdesenvolvimento

Que democracia é esta que transforma um ato de rendição numa afirmação dramática de coragem em nome do bem comum?


Está em curso o processo de subdesenvolvimento do País. As medidas que o anunciam, longe de serem transitórias, são estruturantes e os seus efeitos vão sentir-se por décadas. As crises criam oportunidades para redistribuir riqueza. Consoante as forças políticas que as controlam, a redistribuição irá num sentido ou noutro. Imaginemos que a redução de 15% do rendimento aplicada aos funcionários públicos, por via do corte dos subsídios de Natal e de férias, era aplicada às grandes fortunas, a Américo Amorim, Alexandre Soares dos Santos, Belmiro de Azevedo, famílias Mello, etc. Recolher-se-ia muito mais dinheiro e afetar-se-ia imensamente menos o bem-estar dos portugueses. À partida, a invocação de uma emergência nacional aponta para sacrifícios extraordinários que devem ser impostos aos que estão em melhores condições de os suportar. Por isso se convocam os jovens para a guerra, e não os velhos. Não estariam os superricos em melhores condições de responder à emergência nacional?

Esta é uma das perplexidades que leva os indignados a manifestarem-se nas ruas. Mas há muito mais. Perguntam-se muitos cidadãos: as medidas de austeridade vão dar resultado e permitir ver luz ao fundo do túnel daqui a dois anos? Suspeitam que não porque, para além de irem conhecendo a tragédia grega, vão sabendo que as receitas do FMI, agora adotadas pela UE, não deram resultado em nenhum país em que foram aplicadas - do México à Tanzânia, da Indonésia à Argentina, do Brasil ao Equador - e terminaram sempre em desobediência e desastre social e económico. Quanto mais cedo a desobediência, menor o desastre.

Em todos esses países foi sempre usado o argumento do desvio das contas superior ao previsto para justificar cortes mais drásticos. Como é possível que as forças políticas não saibam isto e não se perguntem por que é que o FMI, apesar de ter sido criado para regular as contas dos países subdesenvolvidos, tenha sido expulso de quase todos eles e os seus créditos se confinem hoje à Europa. Porquê a cegueira do FMI e por que é que a UE a segue cegamente? O FMI é um clube de credores dominado por meia dúzia de instituições financeiras, à frente das quais a Goldman Sachs, que pretendem manter os países endividados a fim de poderem extorquir deles as suas riquezas e de fazê-lo nas melhores condições, sob a forma de pagamento de juros extorsionários e das privatizações das empresas públicas vendidas sob pressão a preços de saldo, empresas que acabam por cair nas mãos das multinacionais que atuam à sua sombra.

Assim, a privatização da água pode cair nas mãos de uma subsidiária da Bechtel (tal como aconteceu em Cochabamba, após a intervenção do FMI na Bolívia), e destinos semelhantes terão a privatização da TAP, dos Correios ou da RTP. O back-office do FMI são os representantes de multinacionais que, quais abutres, esperam que as presas lhes caiam nas mãos. Como há que tirar lições mesmo do mais lúgubre evento, os europeus do Sul suspeitam hoje, por dura experiência, quanta pilhagem não terão sofrido os países ditos do Terceiro Mundo sob a cruel fachada da ajuda ao desenvolvimento.

Mas a maior perplexidade dos cidadãos indignados reside na pergunta: que democracia é esta que transforma um ato de rendição numa afirmação dramática de coragem em nome do bem comum? É uma democracia pós-institucional, quer porque quem controla as instituições as subverte (instituições criadas para obedecer aos cidadãos passam a obedecer a banqueiros e mercados) quer porque os cidadãos vão reconhecendo, à medida que passam da resignação e do choque à indignação e à revolta, que esta forma de democracia partidocrática está esgotada e deve ser substituída por uma outra mais deliberativa e participativa, com partidos mas pós-partidária, que blinde o Estado contra os mercados, e os cidadãos contra o autoritarismo estatal e não estatal. Está aberto um novo processo constituinte. A reivindicação de uma nova Assembleia Constituinte, com forte participação popular, não deverá tardar.

sábado, 29 de outubro de 2011

Testemunhos para memória futura

Não sendo da minha autoria esta reflexão, merece alguma atenção para memória futura.


Vale a pena ler a intervenção de Miguel Macedo durante o debate parlamentar do PEC IV. Miguel Macedo é agora ministro da Administração Pública do governo de Passos Coelho e era então líder parlamentar do PSD:

«Ora, Sr. Presidente e Srs. Deputados, Portugal está precisado de um governo sério e de um primeiro-ministro que tenha respeito pelas pessoas, pelas instituições e pelos órgãos de soberania!

Finalmente, o chumbo do PEC é uma exigência de futuro. Portugal vive um momento difícil, mas tem solução. Os portugueses sentem enormes dificuldades, mas têm de voltar a ter esperança. O País atravessa tempos difíceis, mas há-de voltar a vencer. Mas, para que Portugal tenha solução e os portugueses voltem a ter esperança, é preciso outra política.

É preciso cortar, mas também é preciso criar e construir: criar riqueza e construir crescimento económico!

Há anos que este Governo desistiu de criar riqueza e de construir crescimento económico. Ora, esta tem de ser a grande prioridade de futuro.

É preciso cortar, mas cortar de forma estrutural, e não conjuntural. Cortar nos salários e nas pensões ajuda a reduzir o défice, mas é uma ajuda conjuntural, porque estruturalmente nada muda — nem o tamanho, nem a dimensão, nem a estrutura gigantesca do Estado. Ora, do que precisamos é de mudar estruturalmente a face do Estado, tornando-o mais pequeno, menos gastador e menos consumidor de impostos. Esta tem de ser uma grande prioridade para o futuro.

Nada disto é novidade para a bancada do PS, eu sei!… Novidade seria que os senhores fizessem aquilo que deveriam fazer.

É preciso cortar, mas cortar com sensibilidade social. Um Governo que corta e congela pensões de reforma em vez de cortar a sério nos subsídios do Estado para empresas públicas, nas mordomais do Estado e dos seus gestores, nas «gorduras» do Estado e das suas estruturas, é um Governo sem sensibilidade e sem consciência social!

Sr. Presidente e Srs. Deputados, o futuro não se constrói sobre os vícios do presente e do passado. As soluções tradicionais falharam, os esquemas rotineiros e habituais estão esgotados. Há que mudar — mudar de rumo, mudar de política e também mudar de Governo! Mudar radicalmente e com convicção, mudar construindo uma nova esperança reformista!!

E não adianta o Governo fazer-se de vítima. O Governo é apenas vítima de si próprio, da sua arrogância e irresponsabilidade. Vítimas a sério são os portugueses, que empobreceram e viram o seu nível de vida degradar-se por culpa exclusiva do Governo.

Compreende-se, por isso, o desespero do Governo: está a lutar pela sua sobrevivência política. Nós, PSD, em coerência com o que sempre temos dito e feito, estamos aqui a lutar, como sempre, pelo interesse nacional!

Aplausos do PSD, de pé.»

domingo, 16 de outubro de 2011

Melhor Destino

Melhor destino que o de conhecer-se
Não frui quem mente frui. Antes, sabendo,
Ser nada, que ignorando:
Nada dentro de nada.
Se não houver em mim poder que vença
As Parcas três e as moles do futuro,
Já me dêem os deuses o poder de sabê-lo;
E a beleza, incriável por meu sestro,
Eu goze externa e dada, repetida
Em meus passivos olhos,
Lagos que a morte seca.

Fernando Pessoa

sábado, 8 de outubro de 2011

Parabéns JS

Quero aproveitar para enaltecer o trabalho que tem vindo a ser realizado pela Juventude Socialista da Guarda, em especial à posição tomada na luta contra a introdução de portagens nas SCUT´s.
A JS tem estado, desde o primeiro momento, na linha da frente do combate contra esta injustiça para com os concidadãos do Interior do País!
Ontem a JS da Guarda, em conjunto com as Federações Distritais de Bragança, Castelo Branco, Vila Real e Viseu, enviaram uma carta ao Ministro da Economia e do Emprego, Dr. Álvaro Santos Pereira.

Para a JS esta luta é difícil, mas é travada com todo o vigor, e mesmo acreditando que em breve vamos ter que pagar a utilização nas SCUT´s vamos lutar até ao fim! Apelo portanto à subscrição da petição que se encontra em www.contraportagens.net.
Parabéns JS...uma forma de ser diferente, na luta pela igualdade de oportunidades!

Deixo a transcrição da carta enviada ao Sr. Ministro da Economia.

Exmo. Sr. Ministro da Economia e do Emprego, Prof. Doutor Álvaro Santos Pereira,

As Federações Distritais da Juventude Socialista dos distritos de Bragança, Castelo Branco, Guarda, Vila Real e Viseu vêm por este meio apresentar junto de Vossa Excelência a nossa preocupação pela eventual introdução de portagens nas auto-estradas A23, A24, A25 e em toda a extensão da A4. Não tendo sido tomada qualquer decisão definitiva até ao momento sobre o assunto, consideramos ser fundamental que façamos chegar junto de Vossa Excelência os principais motivos que motivam a nossa posição.

A construção de vias de ligação em perfil de auto-estrada nos territórios do interior teve os seguintes objectivos fundamentais: o da mobilidade rodoviária, o reforço da coesão das cidades destas regiões, incentivo ao desenvolvimento regional e, na defesa da clara melhoria das condições de vida das populações do interior. Estas vias estão igualmente associadas a uma necessidade de aumentar a competitividade do país, já que as mesmas significariam maior eficiência e rapidez na exportação de produtos. Por forma a atingir estes objectivos, e tendo em conta o menor desenvolvimento dos territórios do interior e a inexistência de alternativas tomou-se a decisão estratégica de não portajar a A23, A24, A25 e A4 (neste último caso, exceptuavam-se os troços do Túnel do Marão e a circular de Bragança), enquanto opção política de promoção de impulso económico do interior.

Ao fim destes anos todos estamos de acordo em reconhecer que as distâncias se esbateram, as pessoas e mercadorias se transportam mais rapidamente e a segurança aumentou significativamente. A introdução das SCUT demonstrou ainda ser uma forma de investimento com verdadeiro impacto económico positivo, directo e indirecto, nas regiões que delas beneficiam.
No passado mês de Outubro de 2010, o PSD condicionou a aprovação do Orçamento de Estado de 2011 à introdução de portagens nas atuais SCUT. Entendemos assim que a decisão de inverter a introdução de portagens está inteiramente do lado do PSD, que atualmente integra um Governo de maioria absoluta.
Estando a decisão de introduzir portagens dependente da apresentação da proposta de Orçamento de Estado de 2012, deixamos alguns motivos para a manutenção do sistema atual de SCUT, enquanto serviço público de especificidade regional:
- Inexistência de alternativas. Na construção destas auto-estradas aproveitaram-se troços do IP2, IP3, IP4 e IP5, sendo que os restantes troços destes Itinerários Principais se encontram num mau estado, devido à inexistência de manutenção recente (excluindo, por enquanto, o IP4 pois está em fase de transformação). As antigas estradas nacionais não representam uma alternativa, seja pelo traçado sinuoso, seja pela susceptibilidade acrescida a condições atmosféricas adversas, seja pelos perfis que impedem uma fluidez de tráfego compatível com os padrões de circulação atuais e as necessidades da economia.

- Sinistralidade rodoviária. A implementação de portagens levará ao aumento de tráfego nas antigas estradas nacionais. Verificamos que até ao momento não foi apresentado qualquer estudo de tráfego para estas vias, o que demonstra que a decisão de implementar portagens não tem em conta os potenciais efeitos nefastos na sinistralidade rodoviária.

- Fim consumado da economia regional? A fixação de empresas e os investimentos realizados no interior tiverem o pressuposto que a circulação nas auto-estradas não seria portajada. A introdução deste custo nos factores de produção levará ao encerramento de empresas e ao despedimento de milhares de trabalhadores.

- Mobilidade intraregional posta em causa. A dispersão geográfica das populações, empresas e serviços exige um esforço redobrado nas políticas de mobilidade no interior. Atualmente verifica-se que muitas pessoas se deslocam entre vilas e cidades para trabalhar, o que constitui uma realidade só possível pela construção das auto-estradas SCUT. Os custos resultantes da introdução de portagens levarão, deste modo, mais pessoas à situação de desemprego e à necessidade de se mudarem para os grandes centros urbanos. Por sua vez, o acesso a serviços básicos, como a saúde, carece, pela sua dispersão, da utilização das auto-estradas, deixando este acesso de ser universal em função do seu futuro custo. Tendo em conta a fraca oferta de transportes públicos, cujo sector teve investimentos sucessivamente adiados teremos um sistema de mobilidade claramente distante das necessidades básicas das populações, e que deste modo não se pode afirmar como uma alternativa.

- Abandono do desígnio do turismo. Uma das fontes de desenvolvimento económico desta região tem sido o turismo. Com a introdução de portagens, os custos decorrentes de uma deslocação às regiões do interior terá um substancial aumento, o que porá em causa o crescimento deste sector, cuja oferta é cada vez mais competitiva no plano nacional e internacional.

- Nível de desenvolvimento das regiões do Interior. Consideramos que o sistema SCUT reflete uma política de discriminação positiva das regiões do interior, que levará ao seu desenvolvimento e à sua desejada aproximação dos níveis médios nacionais do PIB per capita. A introdução de portagens levará necessariamente à inversão deste esforço, reduzindo-se o poder de compra das populações, e aumentando-se o seu custo de vida. Deste modo, reduz-se o contributo destas regiões para o desafio do crescimento económico nacional e será inevitável o aumento do fluxo de pessoas a abandonar as regiões do interior.

Na nossa perspectiva, a solidariedade nacional deve-se aplicar no seu conjunto. Somos contra a teoria do utilizador-pagador, que considera que sejam as localidades a pagar as obras públicas que usufruem. À luz do princípio da solidariedade nacional temos muito orgulho em poder contribuir para o financiamento dos transportes deficitários e dos IC’s dos grandes centros urbanos. Consideramos contudo que se o Governo for justo, equilibrado, e respeitador da coesão regional e nacional se deve igualmente exigir os mesmos pagamentos de outras regiões para as SCUT do interior.

A responsabilidade sobre esta decisão está do lado do atual Governo, que tem assim uma oportunidade de inverter uma exigência injusta do PSD tomada na sequência das negociações do Orçamento de Estado de 2011. Mais do que uma mera medida orçamental, a introdução de portagens nas SCUT deve ser entendida como uma medida de impacto real no modelo de desenvolvimento económico e territorial do nosso país.

Somos da opinião de que a isenção de portagens nestas vias de comunicação terrestre será um incentivo à fixação de empresas, fomento do turismo, fixação de pessoas, combatendo assim a desertificação constatada nestas regiões. Entendemos que o desenvolvimento do interior é uma parte importante do esforço que visa o crescimento económico do nosso país.

Ao longo da presente missiva procurámos apresentar os motivos pelos quais a introdução de portagens poderá representar graves efeitos para o país, e para o interior em especial. A introdução desta medida será mais uma forma de condicionar o desejado crescimento económico do nosso país. Esperamos assim contar com a sua intervenção, através da não inclusão desta medida no Orçamento de Estado de 2012.

Com os melhores cumprimentos,

Artur Patuleia – Presidente da Federação Distrital da JS Castelo Branco
Ivo Oliveira - Presidente da Federação Distrital da JS Vila Real
Nuno Miranda - Presidente da Federação Distrital da JS Bragança
Pedro Rebelo - Presidente da Federação Distrital da JS Guarda
Rafael Guimarães – Presidente da Federação Distrital da JS Viseu

domingo, 2 de outubro de 2011

Moção apresentada pela Bancada do Partido Socialista de Mêda na Assembleia Municipal no dia 30 de Setembro de 2011

Moção apresentada pela Bancada do Partido Socialista de Mêda na Assembleia Municipal no dia 30 de Setembro de 2011 – Aprovada.

No decorrer desta semana foi apresentado pelo Sr. 1º Ministro um documento, designado de “ Livro Verde”, com o objectivo de reestruturar o Poder Local. Entendendo-se que se impõe uma necessária e urgente reforma administrativa, por forma a melhorar a gestão do território e a prestação de serviços.


Pretende-se, através desta reforma, aglomerar freguesias, com o objectivo de diminuir as assimetrias populacionais existentes.
Assim e se esta pretenção for aprovada com os critérios apresentados, a redução do nº de freguesias será avassaladora, de 4259 freguesias existentes passaremos a contar com pouco mais de 600 freguesias.

No caso do Concelho de Mêda, actualmente com 16 freguesias distribuidas por uma área territorial de mais de 285 km2, ficará com esta medida reduzida a um máximo de 3 freguesias.
No nosso entender, esta será uma “machadada” fatal na politica de proximidade do poder local.
Entendemos pois que a coesão territorial só é possivel com um trabalho constante e diário, em que as Juntas de Freguesia são o “ponto de socorro” para estas populações que vivem longe dos grandes centros administrativos.

Reconhecendo que existem realidades diferentes, entre meios urbanos e rurais, em que o Interior contribui para o enriquecimento do Litoral. Note-se que as suas populações, em especial nas últimas décadas, migraram para o Litoral, provocando um aumento demográfico, habitacional, emprego, equipamentos sociais, entre outros, custa-nos aceitar que esta pretença reforma seja discriminatória e não defenda o interesse das nossas populações.

O nosso concelho vive de uma realidade rural e de uma população muito envelhecida, necessitando diariamente de atenção, de igualdade e de ajuda para com estas pessoas, de modo a que estas possam viver com melhor conforto e na igualdade de direitos de um país democrático.
Se esta pretenção for levada a cabo será dado o maior retrocesso na Democracia portuguesa.

Aquilo que move os cidadãos em Democracia é, essencialmente, a possibilidade de poderem contribuir com as suas críticas e opiniões para a melhoria do país em que vivem.
Porque entendemos que as Juntas de Freguesia são o baluarte de uma estado democrático, que age próximo das pessoas, pela ajuda e na resolução dos seus problemas, não aceitamos que a nossa voz não seja tida em conta.

Pelo exposto, pedimos que esta Moção vos possa sensibilizar e demover desta discriminação, claramente negativa para com aqueles que mais isolados estão e que mais sofrem de subdesenvolvimento.

Por um Portugal igualitário nas oportunidades os Medenses entendem, por esta forma, que a reorganização administrativa do Poder Local apresentada em nada contribui para o bem estar dos nosso municipes, mas sim para o seu esquecimento...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Coerência!

Há algum tempo, certos amigos, com o desejo de acicatar, diziam-me “ouve o Professor Medina Carreira (MC), vê como tem razão na forma como avalia o país, o governo, um cenário catastrófico conjugado com muita desgraça que não permitiria alavancar esperança para o futuro do nosso país”.

Nessa mesma altura, referi que o Professor Medina Carreira, com todo o respeito pelo seu passado, é hoje uma pessoa fora do tempo, as suas criticas baseiam-se em meros disparates que funcionam como soundbytes para uma geração que desconhecia este senhor. Assim referi, e fazendo uso ao direito à critica, vivo num país livre e com uma democracia sólida, que permite discordar de todos aqueles que olhavam para o Professor MC, como uma espécie de guru, visionário, ou mesmo um “messias” que vislumbrava um tempo de trevas que iremediavelmente nos conduziria ao fracasso.

Porém, o Professor Medina Carreira descobriu que o problema tinha resolução, uma solução fácil, necessária, barata e útil para o país, a mudança de governo era o antídoto da doença...

Continuei a dizer que o MC estava desajustado e as suas professias da desgraça não contribuiam, em nada, para aliviar uma crise com contornos nacionais, europeus e internacionais. Ou melhor, uma crise iniciada por especuladores internacionais, com o objectivo de decapitar a zona euro e que esta, com um misto de miopia, conservadorismo e até com uma restia xenófoba (dos mais fortes) não conseguiria sobreviver, por consequência, o nosso país continuaria periférico e secundário à resolução do problema.

Contudo, eram necessárias medidas de austeridade e de equidade, mas só seriam proficuas se a Europa voltasse a “beber” dos princípios da criação da Comunidade Europeia, fazendo renascer a vontade dos seus fundadores, o desejo de unir esforços para que a união de povos, com objectivos comuns, possa sobreviver e almejar um futuro melhor. Hoje, os dirigentes europeus “são fracos”, incomparavelmente inferiores aos seus fundadores (Jean Monnet, Robert Schuman ou Paul-Henri Spaak).

Sabemos que os tempos eram, são e serão difíceis para contornar esta crise iniciada há muito, mas o que me levou a escrever estas palavras, é que passados quase quatro meses de “uma nova era governamental”, os mesmos amigos, que outrora me diziam ouve o Prof. Medina Carreira, agora, dizem estar “xoné” e que já não diz coisa com coisa...

Pois bem, eu continuo a dizer o mesmo que dizia há uns tempos atrás. Aos meus amigos apelo à coerência, pois para mim, com todo o respeito pelo MC, este continua fora do tempo, por muito conveniente que me seja ouvi-lo dizer mal deste novo governo!

sábado, 17 de setembro de 2011

Enorme buraco na Madeira.

Já não precisamos de acordos com Hugo Chávez (Venezuela), pelo que parece,já temos petróleo na Madeira, face ao tamanho do buraco. Agora, percebo o porquê de Alberto João Jardim não engraçar com José Sócrates.

O pior, se este buraco é um buraco na camada do ozono e assim ficamos todos queimados...



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Pela Verdade!

Pela Verdade e pelo direito de resposta, foi publicado (hoje) no Jornal "Nova Guarda" o esclarecimento da notícia, relativa ao Concurso de Montras das Comemorações do Centenário da República.

Dedico este post a todos aqueles que de forma gratuita e massiva distribuíram “desinteressadamente” o Jornal “nova Guarda” pelo concelho de Meda, pensando porventura que com isso, conseguiriam manchar o meu bom nome. Apelo aos mesmos, essas criaturas sem rosto, que tenham a coragem, a mesma que não tiveram aquando da disseminação do jornal da semana passada, de distribuir o “Nova Guarda” de hoje. Nunca me escondi atrás de pseudónimos, sempre expressando de forma clara os meus pensamentos e actos, por muita crispação que estes pudessem causar. Julgo que a maioria dos Medenses não se revê na critica anónima, nesta forma cobarde, infundada e demagógica de fazer política.

Ou agora, já não dá jeito? De facto, há gente “sem coração” (Esta fica para mais tarde).


domingo, 24 de julho de 2011

Dominique Strauss-Kahn, verdade ou coincidência?

Por vezes, há histórias que parecem coincidências, que mais não são, de novelas orquestradas por outros protagonistas ou realizadores.

O que se passou há uns anos atrás, com Ferro Rodrigues, a “grande cabala” assim apelidada, faz-me pensar, que a mais recente novela de Dominique Strauss-Kahn (DSK) não passa de uma “maquinação americana”.
Não quero com isto dizer, que não haja outros culpados… Mas, o que me parece nestas histórias é haver um fundo de verdade!!!
Não duvido que os americanos são os mais capazes em inventar novas novelas, para assim, esconder a fraude que é a sua economia!!!


Aqui fica a informação recebida há alguns dias, que me deixou a pensar sobre este assunto e que merece ser lida.



Na manhã de 14 Maio, o dia em que foi preso, Dominique Strauss-Kahn (DSK) tinha sido aconselhado pelos serviços secretos franceses (DGSE) a abandonar os EUA e regressar rapidamente à Europa, descartando-se do telemóvel para evitar que pudesse ser localizado. A delicadeza da informação secreta que lhe tinha sido entregue por agentes "d...elatores" da CIA justificava tal precaução.

Strauss-Kahn tinha viajado para os Estados Unidos para clarificar as razões que levavam os norte-americanos a protelar continuamente o pagamento devido ao FMI de quase 200 toneladas de ouro. A dívida, com pagamento acordado há vários anos, advém de ajustes no sistema monetário - "Special Drawing Rights" (SDR's).As preocupações do FMI sobre o pagamento norte-americano ter-se-iam avolumado recentemente.


Nesta viagem Strauss-Kahn estaria na posse de informação relevante que indiciava que o ouro em questão já não existe nos cofres fortes de Fort Knox nem no NY Federal Reserve Bank.Mas Strauss-Kahn terá cometido um erro fatal: ligou para o hotel, já da plataforma de embarque, pedindo que o telefone lhe fosse enviado para Paris, o que permitiu aos serviços secretos americanos agir nos últimos minutos.

O resto dos factos são do conhecimento público.Já em prisão domiciliária, em Nova Iorque, DSK terá pedido ajuda ao seu amigo Mahmoud Abdel Salam Omar, um influente banqueiro egípcio. Era muito importante, para fundamento da defesa, que o egípcio lhe conseguisse obter a informação privilegiada sobre a "mentira" do ouro, que DSK tinha deixado "voar" em NY, para justificar a teoria da perseguição. No entanto a intervenção voluntariosa do banqueiro egípcio saiu gorada.

Dias depois Salam Omar foi igualmente preso nos Estados Unidos, também ele acusado de assédio sexual a uma empregada de hotel. Relatórios de diferentes serviços secretos internacionais convergem na conclusão: os factos que motivaram a prisão do egípcio são altamente improváveis, Salam Omar é um muçulmano convicto e um homem com 74 anos de idade.A inversão de sentido na história da suite do Sofitel de NY começava aqui a ganhar consistência e outros factos viriam ajudar.


Em Outubro de 2009, Pequim terá recebido dos EUA cerca de 60 toneladas de ouro, num pagamento devido pelos americanos aos chineses, como acerto de contas no balanço de comércio externo.Com a entrega, Pequim testou a genuinidade do ouro recebido tendo concluido que se tratava de "ouro falso". Eram barras de tungsténio revestido a cobertura de ouro. As 5.700 barras falsas estavam devidamente identificadas com chancela e número de série indicando a origem - Fort Knox, USA.


O congressista Ron Paul, candidato às eleições presidenciais de 2012, solicitou no final do ano passado uma auditoria à veracidade das reservas do ouro federal que foi rejeitada pela administração Obama.Numa entrevista recente, questionado sobre a possiblidade de ter desaparecido o ouro federal de fort Knox, o congressista Ron Paul gelou os interlocutores respondendo liminarmente: "É bem provável!"

À "boca fechada" têm vindo, aqui e ali, a escapar informações, a avolumar-se incertezas sobre as reservas de ouro norte-americanas. Mas as notícias referentes aos fortes indícios que de o ouro seja apenas virtual têm colhido uma tímida atenção na comunicação social americana.A "verdadeira história" por detrás da prisão de DSK, agora pública, consta de um relatório secreto preparado pelos serviços de segurança russos (FSB) para o primeiro-ministro Vladimir Putin.


Talvez por isso Putin tenha sido o primeiro lider mundial a assumir publicamente a ideia de que DSK terá sido "vítima de uma enorme conspiração americana".Estes factos, a confirmarem-se, em nada ilibam DSK na suspeição que sobre si recai do eventual crime de assédio sexual a uma empregada do hotel mas, quem sabe, essa possa revelar-se como a pequena e ingénua ponta de um grande iceberg.


A ser verdade, os serviços secretos norte-americanos, seguramente bem informados, terão sabido tirar partido das fraquezas do inimigo-alvo, aniquilando-o com eficácia cirurgica - um pequeno crime de costumes, tão ao gosto do imaginário popular, pode bem ter contribuido para abafar crimes de contornos bem mais sérios, por eliminação de testemunha ou de prova.


Entretanto DSK prepara activamente a defesa em tribunal arregimentando já um verdadeiro "crack team" de ex-espiões da CIA, investigadores, detectives e media advisors.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

SAP´s a verdade?

Hoje à tarde, tive conhecimento (súbito) que o SAP do Centro de Saúde de Mêda será encerrado no período das 20h às 08h do dia seguinte. Como se não bastasse, estará também encerrado ao fim de semana, o que significa que das 20h de 6ª feira até às 8 horas de 2ª feira encontrar-se-á encerrado aos utentes.


Pois bem, se ontem alguém disse que levou um murro no estômago, os Medenses poderão dizer que levaram um tiro na cabeça.


Por tal, eu, de forma instantânea, escrevi um post numa das redes sociais, dizendo:
“Dói, dói, vai ao Centro de Saúde, está fechado, dói, dói…infelizmente dói a todos, a Saúde é demasiado séria para se poder brincar com ela. Agora, o PSD da Mêda tem que assumir as suas responsabilidades. O PS assumiu com a população que enquanto fosse governo o SAP da Mêda não seria encerrado. Cumpriu com a sua promessa! Não brinquem com o que é demasiado sério! O interesse dos Medense acima das tricas partidárias…”


Esta foi uma forma de espairecer, uma vez que a noticia, a ser verdade, é uma preocupação de todos os Medenses, e por isso entendo que não podemos ficar quietos.
Neste sentido, não posso aceitar que queiram tirar dividendos da situação, sobretudo quem nada fez para inverter a decisão.


No passado dia 17 de Junho, em plena Assembleia Municipal, alertei a bancada da oposição (PPD/PSD) para a necessidade de clarificar qual a sua posição em relação a alguns assuntos que preocupam os Medenses, nomeadamente, a questão do SAP e das isenções de pagamento da A23 e A25 na deslocação no Distrito.


Confesso que estas questões me preocupam, uma vez que estas duas promessas estavam asseguradas pelo Governo Socialista. Alertei e pedi que o PSD- Meda tomasse em atenção estas duas situações, já que dizem respeito a todos os cidadãos que habitam no concelho e se a postura será de obstaculizar ou de intervir pelo bem-estar de todos os Medenses?



Ora, depois de informado sobre o que realmente aconteceu, fiquei a saber que hoje, hoje mesmo dia 8 de Julho, a Directora do Centro de Saúde de Mêda recebeu um e-mail que informava que o Centro de Saúde de Mêda tinha que se responsabilizar pelo funcionamento do SAP e que não poderia dispor de outros meios, além dos que dispõe.
Como sabemos, duas dos quatro médicos que o centro de Saúde de Mêda dispõe pediram a sua aposentação, o que significa que é impossível salvaguardar este Serviço.


Pois bem, como habitualmente as culpas do sucedido foram logo apontadas para o executivo camarário, sendo eles, os elos mais fracos e os responsáveis por tal situação. O que é preciso esclarecer, é que o edil do nosso concelho teve conhecimento desta situação no decorrer desta tarde e que de imediato contactou a DRS da Guarda, para tentar corrigir tal infortúnio.


Acabo de saber, que esta alteração, se deve às indicações do actual Ministério da Saúde que não permite o recrutamento de Médicos para garantir o atendimento…


Alguma coisa teremos que fazer! Não aceito que certas pessoas que nada fizeram, que nada se importunaram com esta situação, queiram agora, imputar responsabilidades para quem tudo fez para a continuidade do SAP na Mêda. Os números apontavam que o SAP da Mêda, seria o 1º a ser encerrado contudo, tudo foi feito para que outros SAP´s tivessem sido encerrados, caso de Aguiar da Beira ou Fornos de Algodres.


A promessa política pelo PS foi cumprida, agora, fica a promessa que lutaremos para inverter tal situação, mas com as incertezas que temos pela frente.
Gostávamos que o PSD também assumisse a responsabilidade em lutar pela permanência do SAP, em vez de querer tirar dividendos políticos.


Para aqueles mais distraídos, deixo a moção apresentada na Assembleia Municipal, pelo Partido Socialista no dia 24 de Fevereiro de 2011.

“O Partido Socialista de Mêda reconhece que os tempos actuais não são fáceis, sabe também que não se ultrapassam obstáculos com pessimismo e irresponsabilidade. Vivemos uma crise global, avassaladora, que exige dos portugueses algum sofrimento, mas ainda mais exige a sua arte e o seu engenho.


Estamos cientes do trabalho exigente, mas sobretudo corajoso que o Governo tem levado a cabo, de forma a evitar uma ruptura nacional, pelo que nos afirmamos disponíveis para estar a seu lado, num esforço de carácter também nacional.


Comungámos e abraçámos muitas das medidas tomadas pelo Governo, mesmo quando estas nos afectam directamente e no interior, em particular, quando elas afectam a nossa terra, e concordámos com algumas delas, mesmo quando se revelaram polémicas.
Sabemos da postura que os Partidos da Oposição, e em especial o seu maior partido, o PSD, têm tido em relação às dificuldades que atravessamos, criticando e nada apresentando em alternativa, claros actos de cobardia e de inconsciência de quem se diz ter o desejo de ser a mesma alternativa ao Governo do PS.


Por tal, entendemos que este mesmo Governo zelará pela continuidade de um Sistema Nacional de Saúde Publica, ao contrário de certos responsáveis políticos que, pela ansiedade e tentação neoliberalista, querem privatizar definitivamente a Saúde em Portugal.
Sendo que não nos demoveremos pela defesa dos direitos e princípios descritos na Lei de Bases da Saúde, é um imperativo e um objectivo fundamental, obter a clara igualdade dos cidadãos no acesso aos cuidados de saúde. Seja esta qual for a condição económica dos cidadãos, onde quer que vivam, garantindo sempre equidade na distribuição dos recursos e na utilização de serviços de saúde a todos.


Com efeito, o Partido Socialista de Mêda entende que não poderemos aceitar tudo, sem exigir alguma coisa.
Para nós Beirões, a palavra é um tesouro e entendemos os compromissos e as promessas eleitorais como imperativos para a nossa forma de estar na vida e na política.
Por tal e nesse sentido, o Partido Socialista de Mêda, tendo tomado conhecimento da intenção do encerramento de alguns Serviços de Atendimento Permanente dos Centros de Saúde, nalguns Concelhos do Distrito da Guarda, durante o período nocturno, quer manifestar ao Senhor Secretário de Estado Adjunto e da Saúde Dr. Manuel Pizarro a sua preocupação relativamente a esta possível medida. Entendemos que a ocorrer tal cenário e o Concelho da Mêda ser abrangido pela medida, que as suas repercussões políticas e sociais seriam tumultuosas.


Assim, a Comissão Política Concelhia do Partido Socialista de Mêda e respectiva Bancada da Assembleia Municipal, entende que:
- O distanciamento do nosso concelho em relação ao Hospital Distrital é significativo e as actuais acessibilidades impróprias para o caso de um transporte de urgência.
- Estando prevista a introdução de portagens na A23 e A25 e, não estando ainda assegurada a total isenção por parte dos residentes, torna-se “sui géneris” que os munícipes tenham de suportar custos acrescidos para se dirigirem ao Hospital de referência numa situação de urgência.
- O envelhecimento que caracteriza as nossas populações é também um factor que, em nosso entender, deverá pesar nesta decisão pois este grupo de cidadãos terá sérias dificuldades em se deslocar ao mesmo Hospital.
- Note-se que o SAP de Mêda recebe também utentes do concelho de Penedono, pois o seu Centro de Saúde já não funciona no período nocturno, e de algumas freguesias do Concelho de Vila Nova de Foz-Côa; assim o SAP abrange um largo número de utentes.
- No caso, de efectivamente ser encerrado o SAP, alertamos para a pertinência de se aguardar algum tempo, de forma a preparar as estruturas locais e população, dando respostas com meios ainda não existentes, minimizando o impacto político e social de tal decisão.
- Ao ser equacionado o encerramento do SAP, exigimos que sejam acauteladas as previsíveis consequências políticas que daí possam advir. Devendo ser considerado que tal medida comportará um gigantesco descontentamento da população, como sucedeu anteriormente noutros casos semelhantes.


Pelo exposto, pedimos que esta Proposta vos possa sensibilizar e, com efeito, demover de uma certa discriminação, claramente negativa, para com aqueles que mais isolados estão e que mais sofrem de subdesenvolvimento.


Por um Portugal e por um Governo sempre igualitário nas oportunidades, que se bate por oferecer aos seus cidadãos um Serviço Nacional de Saúde de qualidade a todos, a Bancada do Partido Socialista de Mêda, apela a Vossa Excelência que tenha em conta os anseios e as preocupações apresentadas face à situação que vive o nosso Concelho e todos aqueles que no Distrito da Guarda sofreram com este afastamento de um serviço de urgência que permanentemente os socorra, tal como acontece nos grandes centros urbanos. Porque quem decide permanecer no interior do nosso país merece igualdade no acesso à saúde, temos fé que atenderá às nossas preocupações.”

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O preço da pressa

Há momentos que nos fazem despertar, palavras que nos fazem ressuscitar, artigos que merecem ser lidos, opiniões incitadoras de reflexão e este artigo de Miguel Esteves Cardoso, é disso um belo exemplo.

O preço da pressa

O castigo de ser feliz é o tempo passar depressa. O castigo de ser triste é o tempo não passar. A recompensa de não conseguir ser nem triste nem feliz, permanecendo indiferente, é o tempo passar devagar. Se todos os dias nascemos - os que temos a sorte de amar, mais a suspeita de sermos, talvez, amados - todos os dias morremos cedo de mais.


Se me perguntassem quanto tempo passei com a Maria João, nos últimos 15 anos, eu teria muitas dificuldades em não responder 15 dias ou até 15 minutos, por não saber mostrar e justificar até esse pouco tempo que passámos.

Ainda ontem acordámos às oito da manhã. Mas, às sete da tarde, apesar de termos passado o dia juntos, pareceu-nos que nos tinham roubado o dia inteiro; que tínhamos acabado de nos conhecermos.


Passo do amor à política, por amor ao meu país. A despedida do conhecido e comprovado José Sócrates deveria ter sido tão generosamente saudada como foi recebida a vitória do simpático mas inexperiente Passos Coelho.


O tempo, a ocasião e a sorte parecem ser coisas parecidas - mas são coisas muito diferentes. O ponto de vista, conforme o lugar onde se esteja e de onde se veja, importa mais do que o sentimento ou o juízo.
É sinal de ser-se feliz achar que o tempo nos foi roubado e que é pouco o tempo que tivemos e pouco o tempo que nos resta.


Não se pode dar importância de mais ao presente, seja amoroso, político ou financeiro. A pressa não é uma escolha: é uma consequência. E um preço.

Público 2011-06-08 Miguel Esteves Cardoso

sábado, 21 de maio de 2011

As análises políticas são como o futebol...

Hoje nas redes sociais, em particular no Facebook, reparei que alguns agiotas e analistas da desgraça dão uma vitória a Pedro Passos Coelho no debate de ontem com José Sócrates. Enfim, as "análises políticas são como as cerejas...” e são sempre suspeitas quando estamos ligados a interesses ou mesmo a circunstâncias de índole ideológica.

Porém, especulando sobre que a Comunicação Social está interessada na mudança de ciclo político, dado que José Sócrates tem uma personalidade por vezes autoritária e arrogante, traços de carácter que incomodam as sensibilidades mais frágeis do 5º poder.
Hoje, mais do que nunca, os jornalistas são marionetas dos seus patrões, e assim se compreende a degustação e regozijo de alguns senhores.

As expectativas do debate eram enormes, foi sem dúvida o debate mais aguardado nos últimos tempos, por um lado as sondagens recentes apontam para um empate técnico entre os dois maiores partidos, relançando assim uma mais do que possível vitória do Partido Socialista no próximo dia 5, obrigando o PPD/PSD a novas eleições internas e acentuando uma vez mais, a grande convulsão interna que se vem a assistir nos últimos tempos, entre Rios, Santanas, Morais Sarmentos…

Ao mesmo tempo, este debate tinha contornos de grande importância para Passos Coelho, este esteve muito fraco nos anteriores e era apontado como o mais inábil dos 5 candidatos.
Sabendo-se dos erros sistemáticos que Passos Coelho tem cometido, era expectável assistir a mais uma desonrante prova de teste que poderia pôr em causa a 2 semanas das eleições uma descolagem do seu rival para mais uma vitória de Sócrates.

Conhecendo-se a grande capacidade de Sócrates para os confrontos/debates, esperava-se um trituramento de José Sócrates face ao imaturo Passos Coelho.
Os objectivos para este confronto eram claros, por um lado os Socialistas apostando numa vitória demolidora e os sociais-democratas acreditando perder por pouco.

Depois de uma hora de debate as conclusões eram óbvias, apenas 4 temas foram ventilados, muitas dúvidas por esclarecer, esperando que ao fim de uma hora Passos Coelho fosse capaz de apresentar uma alternativa séria para o País, porém fantasiou uma caixa de Pandora para as duas próximas semanas.
É certo que Sócrates não goleou, mostrou maior preparação e conseguiu que Passos Coelho tenha jogado na defensiva. Um aspecto negativo para Sócrates foi não ter conseguido trazer à liça o programa do PSD ao longo de todo o debate.

Em conclusão, fica a certeza que José Sócrates ganhou por uma vantagem mínima, e que esta vitória tangencial não tenha servido os interesse de muitos que estavam à espera de uma goleada… Sabemos que Passos Coelho perdeu os debates anteriores e ontem o PSD estava com medo de levar uma tareia, como perdeu por pouco, entende que ganhou o debate.

O que é certo é que vamos a prolongamento nas próximas duas semanas, esperando pelas gafes e pelos deslizes dos dois candidatos com a certeza da marcação das grandes penalidades para o próximo dia 5 de Junho.

O que ganhar terá que fazer acordos e adquirir novos reforços o que perder neste confronto, terá como certo a chicotada psicológica!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Faz parte da História... (João Heitor)

Faz parte da História...
Mas em 2011, ainda, coordena e edita em Lisboa um livro do seu amigo Jaime Gonçalves: Farrapos da Emigração. Memórias de vida de emigrantes
Manda fazer 200 Livros. Cada um de 450 páginas de português.
Numa 2ª feira de Fevereiro levanta-os da editora e carrega-os, talvez de táxi, para o seu apartamento em Odivelas - 2º andar ás costas. Tem 60 anos.

Arranca na 3ª feira de avião de Lisboa para Paris, carregando consigo 30 quilos de Livros, carga máxima permitida o que deu uns 60 livros. Despoja-se das suas roupas e compra num chinês um saco para a carga dos livros.
4ª e 5ª feira , em Paris, organiza a Vernissage ou o Lançamento do Livro no Consulado de Portugal em Paris. Pensa no cocktail e elabora os convites.
Pessoalmente, por correio, por email, por telefone mobiliza pessoas das sua rede de amigos, das suas redes comerciais, das suas redes sociais.
Na 6ª feira passada consegue meter na sala do Consulado umas 150 pessoas, dos mais variados matizes Gente da 2ª Geração e 3º Geração (os mais novos). Formados e não formados, empresários com sucesso, gente da cultura , do comércio e inserida nas entidades e organização francesas. São Bi- tanto portugueses como de franceses. A geração do seu pai, dos operários, das porteiras de Paris, já se diluiu.

Este Missionário bota discurso, galvaniza a plateia e elogia a obra do seu amigo escritor Jaime Gonçalves. Nascem ideias destas gentes em prol da Cultura Portuguesa.
Vende a quase totalidade dos livros que levou. Desmancha a tenda e o João Heitor ou o João Portugal é desafiado para novas tarefas em prol da Cultura Portuguesa.
Sábado está na Rádio ALPHA, com o seu amigo Jaime. No Domingo está em Versalhes numa associação de portugueses, com o seu amigo e vende o resto.
Quantas Associações de Portugueses irá visitar levando o livro? Quantas Associações de Portugueses ele não visitou no passado, na sua actividade de 20 anos de Livreiro, levando os livros dos autores portugueses? Vendeu livros em Paris, arredores de Paris e algumas cidades de França. Vendeu livros em Marrocos e no Brasil. Parte do seu espólio morreu na Suíça no Verão passado. Tem um espólio de mais de 10 000 livros que distribui pela sua casa e armazéns de amigos, dado o fecho da Lusophone. Talvez alguns irão descansar na Biblioteca da Mêda. Livros levados de Lisboa a Paris e vice-versa em centenas de viagens de carro. Nos primeiros tempos dormia-se no carro e ia-se pelas estradas nacionais, poupança nas portagens. Tive a primazia de o acompanhar, algumas vezes, neste calvário do livro e da vida.
Enfim, ficamos por aqui.

Nesta 2ª feira arranca de avião de Paris a Lisboa, onde chega á noite. 3ª Feira, ontem, esteve comigo, transporta mais ideias e desenvolve. 4ª feira, carrega mais 60 livros, carga máxima do avião e parte de novo para Paris. Hoje 5ª feira vai estar não sei aonde. É preciso vender quando a onda criada ainda tem crista.

Aos 60 anos edita ainda, carrega ainda para Paris, passou uma vida a carregar e a vender livros em Paris.
Só por Fé e só um missionário a divulga.
A Fé deste Missionário está nos livros da Cultua Portuguesa . O seu Deus, o nosso Deus só pode estar no meio dos livros.

Este é o irmão, o pai, o marido, o cunhado, o tio, o amigo que temos.

Egidio Heitor
03-03-2011

Actividades Culturais em Paris (João Heitor)





Tio João


Établi en France depuis 33 ans, João Heitor est, aujourd’hui, un synonyme du mot livre, pour la Communauté Portugaise résidente aussi là-bas. Libraire et éditeur, il diffuse la langue et la culture nationales, à partir du cœur du Quartier Latin Parisien où sa Librairie Lusophone est considérée comme le point de rencontre par tous ceux qui aiment énormément la littérature portugaise.


C’est João Heitor qui, dans son allure décontractée, qui m’a d’abord attiré l’attention sur la petite plaque allusive à António Nobre, située sur la façade du nº 12 de la rue de la Sorbonne, où le poète à vécu, en 1890-1891. Au ré-de-chaussé, il existe maintenant un petit et coloré “Sun coffee” dont les paninis et les viennoiseries, bien en évidence font de l’ombre aux deux plaques allusives aux deux poètes qui y ont vécu. António Nobre et, plus tard, Ossip Mandelstam ont partagé la vue sur la superbe Sorbonne qui surplombe le Quartier Latin et dont la grouillante vie culturelle aurait fait l’objet d’inspiration au poète portugais pour la composition de sa première œuvre - "Só", édité à Paris, en 1892.

Dans le regard de João Heitor, on voit encore l’éclat lorsqu’il raconte les difficultés surmontées pour réaliser un tel hommage à l’auteur de “Lusitânia no Bairro Latino” justement parce qu’il s’agissait du voisinage de la fameuse université. Aujourd’hui, une fois les adversités vaincues, c’est avec plaisir qu’il indique l’itinéraire de moins de cinq minutes qui sépare sa librairie de l’ancienne maison du poète.

Dans les alentours de la rue Sommerard, où il y a 20 ans, il a ouvert pour la première fois la porte de sa Librairie Lusophone, tous le connaissent comme le « Portugais des livres », une désignation dont il est fier.

Lorsqu’il y a 36 ans, il a quitté le Portugal, João Heitor était un adolescent idéaliste qui trouva sa motivation pour se laisser mener par les grands idéaux universitaires avec lesquels il a eu contact, par son éducation, au sein de la « Congregação Cambodiana », à Viseu.

Avant son départ pour la France, en 1974, il a passé trois ans à étudier et à travailler en Espagne, ce qui a contribué à la formation de l’homme qui, plus tard, réalisa une maîtrise en sociologie à l’« École des hautes études en sciences sociales”, à Paris. Aujourd’hui, il reconnaît posséder « l’esprit structuré par la méthodologie de l’école française » allié au « côté poétique et spontané des portugais” le dote d’instruments de combat et de dynamisme nécessaires à l’exercice de la fonction qu’il a choisi.

Son arrivée « aux lettres » avec l’ouverture de la librairie en 1987, c’est naturellement faite à travers de la passion qu’il a toujours eu pour les livres et la culture portugaise. Loin derrière se trouve l’époque de l’enseignement du Portugais aux générations des immigrés portugais en France et des revendications culturelles des différentes structures associatives qui, en tant que jeune récemment arrivé à Paris, il a aidé à construire.

Aujourd’hui, à 55 ans, il raconte comme il se sent comblé à l’idée de savoir qu’ « il a marqué la communauté par le livre » et il a le plaisir de pouvoir recevoir avec amitié tous ceux qui franchissent la porte de sa librairie à la recherche d’auteurs lusophones, dans la langue d’origine ou dans les multiples traductions en Français qu’il a aussi en vente. Il sait que sa librairie est devenue un point de rencontre, où des éléments de la communauté portugaise et des étrangers de différentes nationalités se rassemblent autour de la culture portugaise. Il sourit avec joie lorsqu’il rappelle que beaucoup d’enfants d’émigrés ont eu leur premier contact avec la littérature portugaise à travers de sa “Lusophone”. “J’ai construit des ponts, des fenêtres, c’est ce qui a de plus beau dans mon projet”.

Il y a près de six ans, il a décidé de se lancer un nouveau défit, et de réunir l’édition à da librairie, avec une longue carrière de libraire déjà. Pour cet homme, né à Meda, qui “pour réaliser son rêve, il a tout vendu” se lancer dans l’édition était devenu inévitable, essentiel pour la divulgation de ce qui se créé de mieux au sein de la communauté portugaise en France. Il a alors fondé la “Éditions Lusophone”, consacrée à l’édition d’auteurs lusophones, qui reflètent la richesse de la langue portugaise. De son catalogue qui compte déjà près de 60 œuvres, les œuvres de la collection “Testemunhos” sont les plus remarquables, où plusieurs œuvres de luso descendants ont déjà été publiées et de la collection “Universitária”, dédiée à la publication de thèmes philosophiques – comme “L’Universel et le Singulier dans la saudade – une philosophie de l’interculturel” de Adelino Braz, doctorat en philosophie par l’Université Paris I/ Panthéon Sorbonne – ainsi que “d’autres actes et thèmes universitaires”.

Pour João Heitor, qui s’assume comme un « libraire boulimique », une fonction qu’il exerce avec le plus grand plaisir, « le temps passe trop vite » et les deux heures qu’il passe de chez lui jusqu’au travail, il le passe à lire. À la librairie, il garde religieusement les manuscrits et certains des essais à éditer prochainement. Il avoue qu’il a en tant qu’« agent de divulgation de la culture portugaise », « des plans jusqu’à la fin de sa vie » et parmi ses rêves qui n’ont pas encore été réalisés se trouve aussi la publication d’un livre qu’il a écrit pour lequel il a déjà trouvé un titre – « Les mémoires d’un petit libraire portugais au Quartier Latin”.

(texte publié dans la revue “Magazine Artes” du moi d’avril 2007, revu en mai 2007) http://www.susanapaiva.com

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

“Na política, (não) vale tudo.”

Na política há quem pense, aja e diga que: “Na política vale tudo…”

Não aceito este pensamento fundamentalista, pois encaro a politica como algo com valores, regras e ética. Por isso, não posso aceitar a demagogia criada em torno das portagens nas SCUTS.

“Há que chamar os bois pelos nomes”, não adianta disfarçar e assobiar para o lado, como se tal não fosse nada connosco.

Todos sabemos o que o PSD sempre pensou em relação às SCUTs, senão leiam o Programa Eleitoral do PSD de 2005 e 2009. O mesmo partido que agora, em que as populações se mostram mais indignadas do que nunca, parece ter esquecido que tal foi uma exigência sua para aprovar o PEC e o Orçamento de Estado para 2011.
Aos agiotas e demagogos que no momento se querem esconderem da responsabilidade em relação à introdução das portagens, pergunto:
- Ouviram o que disse, há poucos dias o Sr. Rui Rio, quando afirmou “não aceito discriminação positiva para com as Scuts do Interior! Têm que pagar.”?

Não são necessárias mais palavras para caracterizar a irresponsabilidade e a demagogia com que o PSD se alimenta diariamente.

Poderão haver várias visões sobre a política governativa mas, em relação ao pagamento das Scuts, não é aceitável nem tolerável que esta hipocrisia e esta dissimulação que os senhores do PSD querem fazer passar aos portugueses não seja cabalmente esclarecida.

“Na política, não vale tudo.”