terça-feira, 25 de março de 2014

"PORQUE É QUE EU VOTO NO PRÓXIMO DOMINGO." João Heitor

 
Deixo um "excerto" de um post (facebook), escrito pelo João Heitor e que me parece interessante  relativo à Diáspora Portuguesa. 
 
"PORQUE É QUE EU VOTO NO PRÓXIMO DOMINGO."

Ontem no Consulado de Portugal o fotografo Gérard Blancourt leu-nos um texto sobre o "salto" dos Portugueses para a França e a Liberdade vinda com o 25 de Abril. Ficamos todos electrocutados com o testemunho deste homem do Haiti que eu considero a maior "memoria" da "epopeia" dos anos 60 dos Portugueses em França.

Já disse varias vezes e repito: Sinto orgulho aqui em França de pertencer a este Povo Português em Movimento. Acabo de entrar de Portugal e vejo o meu pais "atarracado" sem "energia" a classe média a desaparecer, as pessoas tristes e desesperadas... Como dizia, vejo aqui o meu Povo em Movimento. Estes homens e mulheres que chegaram aqui com os pés em ferida, esfarrapados, tiritando com o frio ou morrendo de sede com o sol das montanhas ,conseguiram vencer só com o seu trabalho. Não mendigaram subsídios para construir as suas casas, para comprar os carros, para educar e formarem os seus filhos. Alguns, unicamente com a 4.a Classe (ou sem ela) montaram as suas empresas, hoje algumas já são pequenos impérios e dão trabalho a muita gente. Exageramos no tamanho das casas, nas brutas maquinas dos carros, na ostentação exterior? Sim , exageramos. Estes exageros foram a causa da chacota dos nossos conterrâneos. Eramos os "avec" os "champignys" os "vacanças". Com os carros de matricula estrangeira não podíamos cometer um erro de condução nas estradas, recebíamos logo nas nossas "trombas" o comentário "compraram a carta". Os nossos compatriotas , aqueles que nunca tinham passado pelos caminhos da emigração, nunca compreenderam que essa ostentação não era mais do que um sinal de "reussite" (êxito) daqueles que tinham saído dos "cortelhos" sem agua e luz, que nunca tinham comido "uma trancha de jambon" porque na aldeia nunca viram "uma rodela de fiambre" e as "vacanças" nunca foram férias, trabalhava-se de sol a sol a troco de um maço de cigarros "mata ratos" e uma cabaça de vinho vinagrento. Os serviços camarários sem serviços técnicos, estavam entregues a uns quantos "lacaios"" que davam as autorizações para construirmos as casas "tipo maison" que agora estão vazias.

Porque é que relembro tudo isto que já sabemos? Os pais não gostam contar as coisas tristes aos filhos. Relembro porque tenho orgulho de dizer que de "vilões" passámos a "heróis". Um quinto de jovens formados que abandona Portugal à procura de trabalho no estrangeiro não são mais do que uma nodoa negra naqueles que nos governaram e que receberam o nosso dinheiro que mesmo assim, foi superior ao das ajudas comunitárias. Nenhum economista diz isso nos jornais e televisões portuguesas. Eu sei que para os "nacionais" este disco não é mais do que "pieguices". Mas a verdade anda na rua e bate à porta de cada Português.

Tenho orgulho no Hermano Sanches, na Nathalie Oliveira, no Julien dos Santos, no Carlos da Silva e nomeio estes porque os vejo nos consulados, nas associações, no parlamento francês sem abdicarem da "RES PUBLICA" (A Coisa Publica) das respectivas cidades nas quais foram eleitos. Vou votar porque vi o Hermano agarrar no problema das porteiras de Paris, acompanhou-me no encontro com a Maire de Paris XII quando com os meus sócios fomos apresentar o nosso projecto. Favores ? Não. Direitos que todo o cidadão tem e que é preciso batalhar para consegui-los e melhor ainda quando são vocacionados para o bem de todos e desenvolvimento da lusofonia nesta cidade . A Hidalgo se for eleita para mim é um orgulho. Como filha de emigrantes espanhóis viveu a nossa condição. Falei com ela em espanhol e conheço muito bem a sua Andaluzia. Talvez o sonho se converta em realidade, a filha de emigrados espanhóis possa ser o Maire de uma das principais capitais da Europa que é Paris. Porque não um Português amanhã se tiver capacidades? Só quando milhares de Natalies Oliveiras, Juliens dos Santos e outros tantos homens e mulheres saídos das outras comunidades ocuparão os lugares políticos desta Europa amorfa é que uma verdadeira Europa surgira. Esta é minha tese. São estes os motivos que me levam a apelar o voto dos portugueses na Hidalgo porque o "Hermano" é nosso e muito nosso, mas zela pelo bem de todos.

João Heitor ConviviumLusophone

PS. Se falei destes eleitos é porque conheço o trabalho que fazem no terreno . Julien veio ao meu encontro para inaugurar a rua Fernando Pessoa na sua cidade. A militância e a doação da Nathalie não tem par. São eleitos que sabem fazer a ponte entre França e Portugal. Eleitos doutros partidos democráticos merecem-me a mesma consideração. As ideologias politicas numa eleição local podem ser ultrapassadas. O único partido que não tolero, nem uma virgula, é o partido racista Front National.

sábado, 8 de março de 2014

O Dia da Mulher


A comemoração do dia da mulher, no meu ponto de vista, não passa de um embuste, de uma pífia forma de se dizer que vivemos numa sociedade com paridade de género. A mulher deve continuar a lutar por uma igualdade de oportunidades, de direitos e de prazer… lutar contra uma sociedade sexista e sectária, continuando a discriminar a orientação sexual, a religião, a cor politica e o género. A vida só é possível com a existência de homens e mulheres. Sem a mulher não há vida, logo a sua relevância e importância ao longo dos 365 dias do ano e, daí a não pertinência da existência de uma data para recordar a humilhação, a subjugação de direitos que termina neste dia em jantares de mulheres com o direito a beber uns copos, por vezes em exagero, com uns karaokes partys à mistura...  

Na esfera política, as mulheres demostraram a mesma capacidade de intervenção e de pensamento critico. Recordo a camarada Silvina Almeida, uma mulher que conheci e que me ensinou a gostar da política. Mas tantas outras, importantes na vida cívica, literária e académica deste país: Carolina Beatriz Ângelo, Adelaide Cabete, Carolina Michaëlis, Sophia de Mello Breyner, Maria de Lurdes Pintasilgo, Florbela Espanca e tantas, tantas mais…

De nada vale um homem, que pense que que é o dono do mundo e que viva na ilusão de ser dono das mulheres. Por vezes, o pensamento humano é frágil, mesquinho e perverso, até Nietzche, foi levado ao machismo que devemos abominar: “Vais ver mulheres? Não esqueças o açoite.”, e Shakespeare: “Fraqueza, teu nome é mulher”.

Mas o que seria de mim sem as “minhas” mulheres, sem as minhas avós, a minha mãe, a minha mulher, a minha filha e a outra que vem a caminho… De facto nasci para viver entre as mulheres!

Não faz sentido comemorar o dia da mulher, mas sim comemorar os minutos, as horas, os dias, os anos e a vida ao lado dela… caminhando juntos é possível uma sociedade mais igual, mais altruísta, mais madura e mais moderna!