segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

“Na política, (não) vale tudo.”

Na política há quem pense, aja e diga que: “Na política vale tudo…”

Não aceito este pensamento fundamentalista, pois encaro a politica como algo com valores, regras e ética. Por isso, não posso aceitar a demagogia criada em torno das portagens nas SCUTS.

“Há que chamar os bois pelos nomes”, não adianta disfarçar e assobiar para o lado, como se tal não fosse nada connosco.

Todos sabemos o que o PSD sempre pensou em relação às SCUTs, senão leiam o Programa Eleitoral do PSD de 2005 e 2009. O mesmo partido que agora, em que as populações se mostram mais indignadas do que nunca, parece ter esquecido que tal foi uma exigência sua para aprovar o PEC e o Orçamento de Estado para 2011.
Aos agiotas e demagogos que no momento se querem esconderem da responsabilidade em relação à introdução das portagens, pergunto:
- Ouviram o que disse, há poucos dias o Sr. Rui Rio, quando afirmou “não aceito discriminação positiva para com as Scuts do Interior! Têm que pagar.”?

Não são necessárias mais palavras para caracterizar a irresponsabilidade e a demagogia com que o PSD se alimenta diariamente.

Poderão haver várias visões sobre a política governativa mas, em relação ao pagamento das Scuts, não é aceitável nem tolerável que esta hipocrisia e esta dissimulação que os senhores do PSD querem fazer passar aos portugueses não seja cabalmente esclarecida.

“Na política, não vale tudo.”

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Como seria noticiada hoje, em Portugal, a história do Capuchinho Vermelho...

TELEJORNAL - RTP1
"Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem... mas a actuação de um caçador evitou uma tragédia"

JORNAL DA NOITE - SIC
"Vamos agora dar-lhe conta de uma notícia de última hora. Uma menina foi literalmente engolida por um lobo quando se dirigia para casa da sua avó! Esta é uma história aterradora mas com um final feliz... o Sr. telespectador não vai acreditar mas, esta linda criança foi
retirada viva da barriga do lobo! Simplesmente genial!"

JORNAL NACIONAL - TVI
"... onde vamos parar, onde estão as autoridades deste país?! A menina ia sozinha para a casa da avó a pé! Não existe transporte público
naquela zona? Onde está a família desta menina? E a Comissão de Protecção de Menores? Tragicamente esta criança foi devorada viva por um lobo. Em épocas de crise, até os lobos, animais em vias de extinção, resolvem aparecer?? Isto é uma lambada na cara da actual
governação portuguesa."
Entretanto manifeste a sua opinião e ligue para:
707696901 se acha que a culpa é do lobo
707696902 se acha que a culpa é do capuchinho
707696903 se acha que a culpa é do governo

CORREIO DA MANHÃ
"Governo envolvido no escândalo do Lobo"

JORNAL DE NOTICIAS
"Como chegar à casa da avozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho"

Revista MARIA
"Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama"

A BOLA
"Lobo será reforço de inverno na Luz"

JOGO
"Mourinho quer Caçador no Real"

LUX
"Na cama com o lobo e a avó"

EXPRESSO
Legenda da foto: "Capuchinho, à direita, aperta a mão do seu salvador". Na reportagem, caixa com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Capuchinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.

PÚBLICO
"Lobo que devorou Capuchinho Vermelho seria filiado no PS"

O PRIMEIRO DE JANEIRO
"Sangue e tragédia na casa da avozinha"

CARAS
Ensaio fotográfico com Capuchinho na semana seguinte:
Na banheira de hidromassagem, Capuchinho fala à CARAS: "Até ser devorada, eu não dava valor à vida. Hoje sou outra pessoa."

MAXMEN
Ensaio fotográfico no mês seguinte:
"Veja o que só o lobo viu"

SOL
"Gravações revelam que lobo foi assessor político de grande influência"

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Perspectivas Presidenciais

São sempre diversas as leituras sobre o(s) resultado(s) das Presidenciais, os que perdem têm tendência a minimizar a derrota e os que vencem caiem na tentação de puxar pelos galões e demonstrar que a opção no seu candidato é a mais válida. Porém estas eleições podem e devem ser observadas de diferentes ângulos/perspectivas de modo a fazer-se um juízo final do que foi esta reeleição do Prof. Aníbal Cavaco Silva.

Números são números e, por isso, não há direito de refutar o que é demasiado evidente. Cavaco foi eleito com 52,9% dos eleitores que foram às urnas no passado domingo (23 de Janeiro). Portanto concluir-se-á que dos cerca de 46% dos eleitores que sufragaram o novo Presidente da República, deram a Cavaco uma votação menor do que há cinco anos atrás. Assim, com os resultados apresentados, concluo, que Cavaco foi eleito por apenas 25% da população portuguesa... e reeleito com a menor percentagem de todos os Presidentes alguma vez reeleitos.

Em relação, aos outros candidatos, tudo parece óbvio, Manuel Alegre não contou com a maioria dos Socialistas, já que estes, se dividiram entre outras candidaturas, como é evidenciado no estudo realizado pelo Semanário “Sol”, onde cerca de 80% do eleitorado socialista não votou em Manuel Alegre que assim saiu derrotado.

Na minha opinião, Fernando Nobre, foi à semelhança de Aníbal, um candidato com demasiadas gafes, histeria e alguma dose de esquizofrenia, não evidenciando clareza nos seus discursos. O País pode estar doente, mas não é este o antídoto necessário, para criar esperança e auto-estima nos Portugueses.

Francisco Lopes, pareceu lúcido e capaz de estar à altura de liderar brevemente o Comité Central do Partido Comunista Português e assim ser mais um discípulo do conservadorismo do PCP.

Defensor Moura, foi o protagonista do lado madrasta da política, nem sempre os melhores vencem, nem sempre é valorizado o que realmente interessa na política. Defensor Moura foi o melhor candidato nos debates, trouxe questões às quais o Sr. Aníbal não respondeu, mostrou um projecto presidencial, abordou, como nenhum outro candidato, a questão da Regionalização e outros temas de grande interesse para o País.
No entanto, não conseguiu mais do que um mísero (1,5%).

Por último, o sucesso do fenómeno José Coelho, apelidado como o “Tiririca da Madeira”. Certo é que a sua estratégia resultou e que deve ter criado alguma azia ao Alberto João. Um caso de estudo que pode contrariar toda a ciência politica.

Em suma, e no rescaldo eleitoral, tudo parece óbvio mas, o que mais pareceu de estranho foi a postura de Cavaco Silva. Julgo que na sua apoteose de vencedor, numa noite que parecia tranquila, algo terá corrido mal, soltou o fel, apresentando um discurso cheio de rancor e pouco comovente, numa altura em que o chefe de estado de um país como nosso, deveria transmitir esperança e alento para superarmos a crise que o País e o mundo atravessa. Cavaco fez precisamente o inverso.

Cavaco Silva foi o mais inábil Primeiro Ministro que há memória e, como não bastasse, na noite de Domingo, deixou cair a máscara e a aréola de imaculado, mostrou o outro lado, o lado desajeitado, o lado preconceituoso; Cavaco mostrou ser também o pior Presidente da Republica, de sempre, com um estilo desfigurado que fez ressuscitar fantasmas passados.
Em poucos minutos, perdeu o seu estado de graça. Cavaco não entrou para este novo mandato, com o pé esquerdo, mas sim, de pés juntos em que quis vingar-se de uma coisa que é mais do que óbvia na Democracia: Ninguém pode ser inimputável na política, todos têm o dever de responder e de esclarecer os cidadãos que os elegem…

“ Cavaco entrou a pés juntos, mas partiu, as suas próprias pernas…”