sábado, 6 de dezembro de 2014

Soares é Fixe!




Os grandes líderes políticos destilam na sociedade amor e ódio, há, porém, aqueles que são únicos e invulgares. Mário Soares é um deles. Sempre inconformado com o sistema, faz dele um ser incomum e autêntico na Portugalidade e no mundo… como diz o Gágá Silva na diáspora Lusitânia.  

Soares irá amanhã completar 90 primaveras… haverá sempre a de Abril e outras de grande importância, desde as da descolonização à entrada na CEE, as das vitórias da democracia sobre os perigos do totalitarismo soviético. Norteou-se sempre pelo Republicanismo, lutou por um regime melhor e laico e fez da sua presidência uma presidência aberta ao diálogo com os Portugueses. Toda a sua longevidade é sinónima de cultura, eloquência e de irreverência. 

Soares é único e invulgar, como disse o camarada Pedro Alves: ”Soares é invencível!”.

Parabéns Soares! Venham mais cinco e outros cinco para chegar à centena. Soares é Fixe!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A HISTÓRIA UNIVERSAL DA INFÂMIA por Clara Ferreira Alves


Entre os portugueses e a luxúria do poder, Passos Coelho escolheu o poder. Fica registado.

«Este Governo, o de Pedro Passos Coelho, nasceu de uma infâmia. No livro "Resgatados", de David Dinis e Hugo Coelho, insuspeitos de simpatias por José Sócrates, conta-se o que aconteceu. O então primeiro-ministro chamou Pedro Passos Coelho a São Bento para o pôr a par do PEC4, o programa que evitava a intervenção da troika em Portugal e que tinha sido aprovado na Comissão Europeia e no Conselho Europeu, com o apoio da Alemanha e do BCE, que queriam evitar um novo resgate, depois dos resgates da Grécia e da Irlanda.

Como conta Sócrates na entrevista que hoje se publica, Barroso sabia o quanto este programa tinha custado a negociar e concordava com a sua aplicação, preferível à sujeição aos ditames da troika, uma clara perda de soberania que a Espanha de Zapatero e depois de Rajoy evitou.

Pedro Passos Coelho foi a São Bento e concordou. O resto, como se diz, é história. E não é contada por José Sócrates que um dia a contará toda. No livro conta-se que uma personagem chamada Marco António Costa, porta-voz das ambições do PSD, entalou Passos Coelho entre a espada e a parede. Ou havia eleições no país ou havia eleições no PSD. Pedro Passos Coelho escolheu mentir ao país, dizendo que não sabia do PEC4. Cavaco acompanhou. E José Sócrates demitiu-se, motivo de festa na aldeia.

Detenho-me nesta mentira porque, quando as águas se acalmam no fundo poço, é o momento de nos vermos ao espelho. Pedro Passos Coelho podia ter agido como um chefe político responsável e ter recusado a chantagem do seu partido. Podia ter respondido ao diligente Marco António que o país era mais importante do que o partido e que um resgate seria um passo perigoso para os portugueses. Não o fez. Fraquejou.

Um Governo que começa com uma mentira e uma fraqueza em cima de uma chantagem não acaba bem. Houve eleições, esse momento de vindicação do pequeno espaço político que resta aos cidadãos, e o PSD ganhou, proclamando a sua pureza ideológica e os benefícios da anunciada purga de Portugal. Os cidadãos zangados com o despesismo de José Sócrates e do PS, embarcaram nesta variação saloia do mito sebástico. O homem providencial. Os danos e o sofrimento que esta estupidez tem provocado a Portugal são impossíveis de calcular. 

Consumada a infâmia, a campanha contra José Sócrates continuou dentro de momentos. Todos os dias aparecia uma noticiazinha que espalhava pingos de lama, ou o Freeport, ou a Face Oculta, ou a TVI, ou todas as grandes infâmias de que Sócrates era acusado. Ao ponto do então chefe do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, que se tinha aliado ao PCP e ao PSD para deitar o Governo abaixo e provocar a demissão e eleições (no cálculo eleitoralista misturado com a doutrina esquerdista que ignorava a realidade e as contas de Portugal), me ter dito numa entrevista que considerava "miserável" a "campanha pessoal" da direita contra Sócrates. Palavras dele.

Aqui chegados, convém recordar o que o Governo de Passos Coelho tem dito e feito. Recordar as prepotências de Miguel Relvas, os despedimentos, os SMS, os conluios entre a Maçonaria e os serviços secretos, os relatórios encomendados, os escândalos, a ameaça da venda do canal público ao regime angolano, e, por fim, o suave milagre de um inexistente diploma. Convém recordar as mentiras sobre o sistema fiscal, os cortes orçamentais, a adiada e nunca apresentada reforma do Estado, as privatizações apressadas e investigadas pelo MP, os negócios e nomeações, a venda do BPN, as demissões (a de Gaspar, a "irrevogável" de Portas), as mentiras de Maria Luís, os swaps e, por último, cúmulo das dezenas de trapalhadas, o espetáculo da "Razão de Estado" vista pela miopia de Rui Machete. Convém recordar que na semana da demissão de José Sócrates os juros do nosso financiamento externo passaram de 7% para 14%. E os bancos avisaram-no de que não aguentavam. Sócrates sentou-se e assinou o memorando.

Que o atual primeiro-ministro não hesitasse, mais uma vez, em invocar um segundo resgate para ganhar as eleições autárquicas que perdeu, diz tudo sobre a falta de escrúpulos deste Governo, a que se soma a sua indigência, a sua incompetência, o seu amadorismo. A intransigência. Este é o problema, não a austeridade.

José Sócrates foi estudar. Escreveu uma tese, agora em livro, que o honra porque tem um ponto de vista bem argumentado, politicamente corajoso vindo de um ex-primeiro-ministro. E vê-se que sabe o que diz. Podem continuar a odiá-lo, criticá-lo, chamar-lhe nomes. Não alinho nas simpatias ou antipatias pela personagem, com a qual falei raras vezes. O que não podem é culpá-lo de uma infâmia que levou o país ao colapso político, financeiro, cívico e moral.

Entre os portugueses e a luxúria do poder, Passos Coelho escolheu o poder. Fica registado».


terça-feira, 14 de outubro de 2014

Desobediência...Obediência...




" Desobediência civil não é o nosso problema. O nosso problema é a obediência civil. O nosso problema é que pessoas por todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões têm morrido por causa dessa obediência. O nosso problema é que as pessoas são obedientes por todo o mundo face à pobreza, fome, estupidez, guerra e crueldade. O nosso problema é que as pessoas são obedientes enquanto as cadeias se enchem de pequenos ladrões e os grandes ladrões governam o país. É esse o nosso problema."

RAMALHO EANES

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

PS está de volta!




O PS está de volta!

Voltou a esperança, a credibilidade e a liderança necessária para derrubar este (des)governo petrificado e que nos conduz para o abismo.

Os Portugueses depositam em António Costa a confiança de um futuro melhor, perspectivando que as suas vidas possam melhorar, havendo mais equidade, mais oportunidades e um suplemento de crescimento económico.

Costa já mostrou ser um homem de diálogo e de contrato, capaz de mediar conflitos, apaziguando diferenças em prol do interesse comum.
Mas como tudo na vida o tempo e só o tempo é que poderá avaliar, sabendo que há muito para fazer e muito por conquistar… As expectativas são enormes.

Parabéns António Costa e ao PS.

Também ao PS local, em especial pela enorme participação nas eleições primárias e porque faz hoje um ano que o PS reconduziu a edilidade municipal.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

heranças!!!

Segundo, Miguel Torga: "Deixar saudades é o único legado que não traz complicações aos herdeiros."
Esta citação é realista e confirma o que é de mais importante do ser humano - o lado racional, o comportamento diferenciado, o desapego ao materialismo e a contribuição para a construção de uma sociedade mais HUMANA!

Deixo um artigo de João Miguel Tavares (apesar de não simpatizar com este "rapaz" valorizo a sua perspectiva em relação ao tema "heranças").   
 ****

Deixem-me então regressar ao fascinante tema das heranças, para tentar explicar por que me parece que ele tem tanto a ver connosco, apesar de não sermos milionários. Todos temos ou tivemos pais, muitos de nós têm filhos, e portanto a questão daquilo que podemos receber de uns ou que iremos deixar aos outros é um tema importante. E sobre isso eu sou muito Buffett-gatiano: as heranças deveriam ser encaradas por cada um de nós como uma dádiva, e não como um direito.

Não me refiro a questões legais, obviamente. Refiro-me a questões morais. Quer dizer: não sei por que raio tanto filho está convencido que tem um direito inalienável ao património dos pais, para o qual, regra geral, nada contribuiu. Os nossos pais têm a obrigação de nos oferecer a melhor educação possível, com certeza, mas a partir daí não têm obrigação de nos deixar mais nada.

O património é deles. Se quiserem enfiá-lo numa fundação para combater a malária, como os Gates, estão no seu direito. Se quiserem oferecê-lo à igreja, estão no seu direito. Se quiserem fazer um testamento em que os filhos não são tratados por igual, também estão no seu direito. Aquilo é deles. Não é nosso.

Infelizmente, não deve haver quem não tenha assistido, na sua família ou em famílias próximas, a conflitos enormes em torno de heranças. Não precisam de ser latifúndios - às vezes basta ser a partilha das colchas da avó. Esses conflitos atingem frequentemente níveis de violência absurdos - há irmãos, sobrinhos, primos que nunca mais se voltam a falar.

Tenho um amigo que acha que as heranças são apenas o gatilho que faz disparar conflitos que estavam latentes, e que encontram ali um campo fértil para serem finalmente verbalizados. Ele terá alguma razão. Mas não acho que tenha a razão toda - há gente que efectivamente enlouquece perante a visão de um serviço de cozinha com 60 anos. Há quem antes das partilhas se desse muito bem e deixe de se dar.

Eu também assisti a isso quando era novo, e jurei a mim próprio que jamais aconteceria comigo - ainda que eu tivesse que oferecer tudo ao meu irmão e me limitasse a manter na minha posse a meia-dúzia de livros de banda desenhada que já lhe roubei entretanto. Nada justifica aquele género de discussões - não foi pelo nosso mérito que a casa, o carro ou os talheres de prata foram conquistados. E se uma coisa não tem o nosso mérito, nem o nosso esforço, nem a nossa dedicação, não pode ser, moralmente, uma exigência nossa.

Ah, e tal, a lei diz que sim. Esqueçam a lei. É evidente que mais vale o património ficar para os filhos do que para o Estado. Os meus pais têm uma relação melhor comigo do que com a Maria Luís Albuquerque. Mas quando a minha atitude deixa de ser de dádiva para passar a ser de dever, invocando para mim o direito a certas coisas que eu não conquistei, cada desacordo com um familiar produz um sentimento semelhante ao de me estarem a assaltar a casa.

Não, não, não. Não faz sentido. A partir do momento que os meus filhos deixarem de ser menores de idade e abandonarem a minha dependência, o que pretendo ensinar-lhes é que aquilo que de melhor tinha para lhes oferecer - a sua educação - já está oferecido. A partir daí, desemerdem-se. Façam-se à vida. Conquistem as coisas pelo seu próprio mérito.


De resto, pretendo fazer com o meu património o que muito bem me apetecer. E se algum dia, depois de bater a bota, os vir discutir acerca de loiças ou pratas ou livros (enfim, acerca de livros ainda perdoo), hei-de reerguer-me da tumba para lhes azucrinar a vida. Vão trabalhar, malandros. Cada um tem a sua vida para viver. A obsessão com as heranças é uma canibalização da vida dos nossos pais. Deixem-nos em paz e vão dar dentadas para outro lado.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Interessante artigo...

'Um animal ferido'

Pior que um animal feroz é um animal ferido. (...) O ferido, situação em que se encontra agora Passos Coelho, como já nada mais tem a perder, age em desespero, esbraceja aleatória e automaticamente apenas para tentar sobreviver. Não sabemos o que fará a seguir e temos de temer o pior. (...)

Passos Coelho (...) está cada vez mais sozinho, isolado.
Sabe que o partido, do qual Marcelo o considera o pior líder de sempre, já só aguarda pelo seu sacrifício.
 
Sabe que no Governo, ao permitir o adeus de Relvas acusando-o de ingratidão, a carta de Gaspar revelando a sua falta de liderança e a subida de Portas a vice, cedendo à sua chantagem, perdeu toda a legitimidade.
 
Dos ministros ditos políticos, que deveriam ser os seus guarda-costas, apenas já se ouve e em murmúrio, Paula Teixeira da Cruz.
Ficou sem apoios, não há quem não o critique e o futuro é um vazio completo.

Passos não tem futuro em nenhuma grande instituição europeia, como Durão ou Guterres. (...) Nem sequer os dotes oratórios que lhe possam dar o palco do comentário político, onde proliferam os seus antecessores à frente do partido. Passos não tem nada.
 
Passos sabe que está no corredor da morte política.

O que lhe resta então?
 
Na sua bipolaridade cada vez mais evidente, que num dia o põe a alimentar todas as expectativas sobre o nosso crescimento económico e no outro a avisar para o choque de expectativas que teremos com o Orçamento, Passos é o tal animal ferido na sua dignidade.
 
Fisicamente envelheceu séculos e é a imagem de alguém que parece carregar aos ombros todo o peso do mundo.
Está verdadeiramente convencido de que está a salvar o país, apesar de todos sabermos que o País, tal como o conhecemos, pode não lhe sobreviver.
 
De um líder assim, que sabe que perdido por cem, perdido por mil, pode esperar-se tudo.
 
Há por isso que ter medo. Muito medo.

 
Filomena Martins -  directora-adjunta do Diário de Notícias
 
 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Parece que vai haver eleições

Parece que vai haver eleições no próximo domingo - Eleições Europeias. Será?

Hoje é o último dia de campanha e só agora decidi escrever umas breves palavras…

Parece-me que esta campanha teve tudo menos “Europa”. A direita, através de “narrativa” doentia e obsessiva dirigiu constantes ataques pessoais às figuras socialistas e em especial a José Sócrates, não conseguindo sequer debater o/um projecto europeu. É este o quotidiano que norteia a coligação “Aliança Portugal” em que só é irrevogável o absentismo em matéria de ideias ou a obsessão por um empobrecimento global.

Uma vez que não falei, ao longo destes meses, sobre a escolha dos principais candidatos (Assis e Rangel), há aspectos entre ambos que parecem ser objecto de comparação:

- São oradores de um mesmo programa televisivo da TVI (Prova dos 9);

- Foram candidatos à liderança dos seus próprios partidos e perderam;

- Foram Eurodeputados;

- São vistos como grandes tribunos dentro dos seus partidos;

Podendo existir algumas semelhanças entre Assis e Rangel, é maior aquilo que os separa do que aquilo que os une.

Assis mostra clareza nas ideias e não vive de delírios constantes expressos em verborreias mentais!

É certo que, muitos daqueles que hoje idolatram Assis, serão os mesmos que, há uns atrás, o apelidavam de outras coisas pouco abonatórias, mas infelizmente na política a memória não é sempre uma constante. Os situacionistas, não os da corrente filosófica(movimento europeu de crítica social, cultural, política…), de entre os quais sobressai Adolfo Luxuria Canibal, que dele falarei depois de pedir a “Licença para Matar” os Eurocépticos. Refiro-me aos situacionistas da política “banal” e que agora já vão dizendo que sempre foram “amantes” de Francisco Assis, quando se serviram dele, para se justificarem das suas inadaptabilidades.

Quando fui mandatário distrital de Assis, na sua campanha a secretário-geral, fi-lo por entender que era dos mais talentosos do Partido Socialista! Fi-lo pela sua capacidade intelectual que é invejável e reconhecida pelos vários quadrantes políticos! Fi-lo por entender que Assis é um político sério e de uma clareza ideológica apreciável. Fi-lo por ser um Europeísta convicto!

Por essa ordem de razões, mantenho em simultâneo a coerência e a lealdade, apoiando o meu partido e o meu candidato, Francisco Assis, que é o melhor e o mais capaz de entre os restantes candidatos às Europeias.

PS terá uma expectável vitória, faltando saber se tangencial ou folgada, mas as leituras políticas são como o vinho que só se degusta depois de aberto…

Há quem já tenha aberto o champagne, falta saber se não terá sido antes do tempo…

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O regresso de Durão Barroso?

A propósito da celeuma originada por Durão Barroso sobre o caso do BPN, só me resta dizer o que disse uma vez o camarada António Guterres: "não há uma segunda oportunidade para causar uma boa impressão!".
 
O Senhor já devia ter aprendido que não lhe adianta vir com pezinhos de veludo, os portugueses não lhe perdoam! Acredito que nesse mundo do grande capital, o qual abomino, não haja inocentes, mas haverá uns mais do que outros e vir agora Durão Barroso com a pele de cordeiro é no mínimo insultuoso de quem quer “poiso” para o seu futuro recente...
 
Por isso, nada melhor do que ler a carta aberta em defesa de Vitor Constâncio, subscrita por Artur Santos Silva, Silva Lopes, Miguel Beleza, Rui Vilar e Teodora Cardoso.(Estamos perante um embate entre estes senhores, que sabem o que é a supervisão prudencial e o papel de um Banco Central, e os Nuno Melos e Duarte Marques da vida, que não têm qualquer pudor em exibir a sua ignorância para atingir rasteiros objectivos políticos e branquear a actuação dos criminosos do BPN)!
 
Durão Barroso, há muito que está a preparar o seu regresso a Portugal, com a saída de Relvas do governo e recentemente o seu reencontro com os órgãos nacionais do PPD/PSD, não passa de uma encenação para preparar o terreno de uma candidatura presidencial de Barroso.
 
Sabemos que as memórias, por vezes se apagam, é idêntico aos sabores que degustamos, mas comer “cherne” diariamente é algo que não nos apetece!
 
Este episódio não passa de uma má entrada e que Marcelo não deixará perder nos próximos tempos…

terça-feira, 25 de março de 2014

"PORQUE É QUE EU VOTO NO PRÓXIMO DOMINGO." João Heitor

 
Deixo um "excerto" de um post (facebook), escrito pelo João Heitor e que me parece interessante  relativo à Diáspora Portuguesa. 
 
"PORQUE É QUE EU VOTO NO PRÓXIMO DOMINGO."

Ontem no Consulado de Portugal o fotografo Gérard Blancourt leu-nos um texto sobre o "salto" dos Portugueses para a França e a Liberdade vinda com o 25 de Abril. Ficamos todos electrocutados com o testemunho deste homem do Haiti que eu considero a maior "memoria" da "epopeia" dos anos 60 dos Portugueses em França.

Já disse varias vezes e repito: Sinto orgulho aqui em França de pertencer a este Povo Português em Movimento. Acabo de entrar de Portugal e vejo o meu pais "atarracado" sem "energia" a classe média a desaparecer, as pessoas tristes e desesperadas... Como dizia, vejo aqui o meu Povo em Movimento. Estes homens e mulheres que chegaram aqui com os pés em ferida, esfarrapados, tiritando com o frio ou morrendo de sede com o sol das montanhas ,conseguiram vencer só com o seu trabalho. Não mendigaram subsídios para construir as suas casas, para comprar os carros, para educar e formarem os seus filhos. Alguns, unicamente com a 4.a Classe (ou sem ela) montaram as suas empresas, hoje algumas já são pequenos impérios e dão trabalho a muita gente. Exageramos no tamanho das casas, nas brutas maquinas dos carros, na ostentação exterior? Sim , exageramos. Estes exageros foram a causa da chacota dos nossos conterrâneos. Eramos os "avec" os "champignys" os "vacanças". Com os carros de matricula estrangeira não podíamos cometer um erro de condução nas estradas, recebíamos logo nas nossas "trombas" o comentário "compraram a carta". Os nossos compatriotas , aqueles que nunca tinham passado pelos caminhos da emigração, nunca compreenderam que essa ostentação não era mais do que um sinal de "reussite" (êxito) daqueles que tinham saído dos "cortelhos" sem agua e luz, que nunca tinham comido "uma trancha de jambon" porque na aldeia nunca viram "uma rodela de fiambre" e as "vacanças" nunca foram férias, trabalhava-se de sol a sol a troco de um maço de cigarros "mata ratos" e uma cabaça de vinho vinagrento. Os serviços camarários sem serviços técnicos, estavam entregues a uns quantos "lacaios"" que davam as autorizações para construirmos as casas "tipo maison" que agora estão vazias.

Porque é que relembro tudo isto que já sabemos? Os pais não gostam contar as coisas tristes aos filhos. Relembro porque tenho orgulho de dizer que de "vilões" passámos a "heróis". Um quinto de jovens formados que abandona Portugal à procura de trabalho no estrangeiro não são mais do que uma nodoa negra naqueles que nos governaram e que receberam o nosso dinheiro que mesmo assim, foi superior ao das ajudas comunitárias. Nenhum economista diz isso nos jornais e televisões portuguesas. Eu sei que para os "nacionais" este disco não é mais do que "pieguices". Mas a verdade anda na rua e bate à porta de cada Português.

Tenho orgulho no Hermano Sanches, na Nathalie Oliveira, no Julien dos Santos, no Carlos da Silva e nomeio estes porque os vejo nos consulados, nas associações, no parlamento francês sem abdicarem da "RES PUBLICA" (A Coisa Publica) das respectivas cidades nas quais foram eleitos. Vou votar porque vi o Hermano agarrar no problema das porteiras de Paris, acompanhou-me no encontro com a Maire de Paris XII quando com os meus sócios fomos apresentar o nosso projecto. Favores ? Não. Direitos que todo o cidadão tem e que é preciso batalhar para consegui-los e melhor ainda quando são vocacionados para o bem de todos e desenvolvimento da lusofonia nesta cidade . A Hidalgo se for eleita para mim é um orgulho. Como filha de emigrantes espanhóis viveu a nossa condição. Falei com ela em espanhol e conheço muito bem a sua Andaluzia. Talvez o sonho se converta em realidade, a filha de emigrados espanhóis possa ser o Maire de uma das principais capitais da Europa que é Paris. Porque não um Português amanhã se tiver capacidades? Só quando milhares de Natalies Oliveiras, Juliens dos Santos e outros tantos homens e mulheres saídos das outras comunidades ocuparão os lugares políticos desta Europa amorfa é que uma verdadeira Europa surgira. Esta é minha tese. São estes os motivos que me levam a apelar o voto dos portugueses na Hidalgo porque o "Hermano" é nosso e muito nosso, mas zela pelo bem de todos.

João Heitor ConviviumLusophone

PS. Se falei destes eleitos é porque conheço o trabalho que fazem no terreno . Julien veio ao meu encontro para inaugurar a rua Fernando Pessoa na sua cidade. A militância e a doação da Nathalie não tem par. São eleitos que sabem fazer a ponte entre França e Portugal. Eleitos doutros partidos democráticos merecem-me a mesma consideração. As ideologias politicas numa eleição local podem ser ultrapassadas. O único partido que não tolero, nem uma virgula, é o partido racista Front National.

sábado, 8 de março de 2014

O Dia da Mulher


A comemoração do dia da mulher, no meu ponto de vista, não passa de um embuste, de uma pífia forma de se dizer que vivemos numa sociedade com paridade de género. A mulher deve continuar a lutar por uma igualdade de oportunidades, de direitos e de prazer… lutar contra uma sociedade sexista e sectária, continuando a discriminar a orientação sexual, a religião, a cor politica e o género. A vida só é possível com a existência de homens e mulheres. Sem a mulher não há vida, logo a sua relevância e importância ao longo dos 365 dias do ano e, daí a não pertinência da existência de uma data para recordar a humilhação, a subjugação de direitos que termina neste dia em jantares de mulheres com o direito a beber uns copos, por vezes em exagero, com uns karaokes partys à mistura...  

Na esfera política, as mulheres demostraram a mesma capacidade de intervenção e de pensamento critico. Recordo a camarada Silvina Almeida, uma mulher que conheci e que me ensinou a gostar da política. Mas tantas outras, importantes na vida cívica, literária e académica deste país: Carolina Beatriz Ângelo, Adelaide Cabete, Carolina Michaëlis, Sophia de Mello Breyner, Maria de Lurdes Pintasilgo, Florbela Espanca e tantas, tantas mais…

De nada vale um homem, que pense que que é o dono do mundo e que viva na ilusão de ser dono das mulheres. Por vezes, o pensamento humano é frágil, mesquinho e perverso, até Nietzche, foi levado ao machismo que devemos abominar: “Vais ver mulheres? Não esqueças o açoite.”, e Shakespeare: “Fraqueza, teu nome é mulher”.

Mas o que seria de mim sem as “minhas” mulheres, sem as minhas avós, a minha mãe, a minha mulher, a minha filha e a outra que vem a caminho… De facto nasci para viver entre as mulheres!

Não faz sentido comemorar o dia da mulher, mas sim comemorar os minutos, as horas, os dias, os anos e a vida ao lado dela… caminhando juntos é possível uma sociedade mais igual, mais altruísta, mais madura e mais moderna!

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Leitura Obrigatória.

O sonho de Pedro Passos Coelho

«"Um terço é para morrer. Não é que tenhamos gosto em matá-los, mas a verdade é que não há alternativa. se não damos cabo deles, acabam por nos arrastar com eles para o fundo. E de facto não os vamos matar-matar, aquilo que se chama matar, como faziam os nazis. Se quiséssemos matá-los mesmo era por aí um clamor que Deus me livre. Há gente muito piegas, que não percebe que as decisões duras são para tomar, custe o que custar e que, se nos livrarmos de um terço, os outros vão ficar melhor. É por isso que nós não os vamos matar. Eles é que vão morrendo. Basta que a mortalidade aumente um bocadinho mais que nos outros grupos. E as estatísticas já mostram isso. O Mota Soares está a fazer bem o seu trabalho. Sempre com aquela cara de anjo, sem nunca se desmanchar. Não são os tipos da saúde pública que costumam dizer que a pobreza é a coisa que mais mal faz à saúde? Eles lá sabem. 
Por isso, joga tudo a nosso favor. A tendência já mostra isso e o que é importante é a tendência. Como eles adoecem mais, é só ir dificultando cada vez mais o acesso aos tratamentos. A natureza faz o resto. O Paulo Macedo também faz o que pode. Não é genocídio, é estatística. Um dia lá chegaremos, o que é importante é que estamos no caminho certo. Não há dinheiro para tratar toda a gente e é preciso fazer escolhas. E as escolhas implicam sempre sacrifícios. Só podemos salvar alguns e devemos salvar aqueles que são mais úteis à sociedade, os que geram riqueza. Não pode haver uns tipos que só têm direitos e não contribuem com nada, que não têm deveres.
Estas tretas da democracia e da educação e da saúde para todos foram inventadas quando a sociedade precisava de milhões e milhões de pobres para espalhar estrume e coisas assim. Agora já não precisamos e há cretinos que ainda não perceberam que, para nós vivermos bem, é preciso podar estes sub-humanos.
Que há um terço que tem de ir à vida não tem dúvida nenhuma. Tem é de ser o terço certo, os que gastam os nossos recursos todos e que não contribuem. Tem de haver equidade. Se gastam e não contribuem, tenho muita pena... os recursos são escassos. Ainda no outro dia os jornais diziam que estamos com um milhão de analfabetos. O que é que os analfabetos podem contribuir para a sociedade do conhecimento? Só vão engrossar a massa dos parasitas, a viver à conta. Portanto, são: os analfabetos, os desempregados de longa duração, os doentes crónicos, os pensionistas pobres (não vamos meter os velhos todos porque nós não somos animais e temos os nossos pais e os nossos avós), os sem-abrigo, os pedintes e os ciganos, claro. E os deficientes. Não são todos. Mas se não tiverem uma família que possa suportar o custo da assistência não se pode atirar esse fardo para cima da sociedade. Não era justo. E temos de promover a justiça social.
 
O outro terço temos de os pôr com dono. É chato ainda precisarmos de alguns operários e assim, mas esta pouca-vergonha de pensarem que mandam no país só porque votam tem de acabar. Para começar, o país não é competitivo com as pessoas a viverem todas decentemente. Não digo voltar à escravatura - é outro papão de que não se pode falar -, mas a verdade é que as sociedades evoluíram muito graças à escravatura. Libertam-se recursos para fazer investimentos e inovação para garantir o progresso e permite-se o ócio das classes abastadas, que também precisam. A chatice de não podermos eliminar os operários como aos sub-humanos é que precisamos destes gajos para fazerem algumas coisas chatas e, para mais (por enquanto), votam - ainda que a maioria deles ou não vote ou vote em nós. O que é preciso é acabar com esses direitos garantidos que fazem com que eles trabalhem o mínimo e vivam à sombra da bananeira. Eles têm de ser aquilo que os comunistas dizem que eles são: proletários. Acabar com os direitos laborais, a estabilidade do emprego, reduzir-lhes o nível de vida de maneira que percebam quem manda. Estes têm de andar sempre borrados de medo: medo de ficar sem trabalho e passar a ser sub-humanos, de morrer de fome no meio da rua. E enchê-los de futebol e telenovelas e reality shows para os anestesiar e para pensarem que os filhos deles vão ser estrelas de hip-hop e assim.
O outro terço são profissionais e técnicos, que produzem serviços essenciais, médicos e engenheiros, mas estes estão no papo. Já os convencemos de que combater a desigualdade não é sustentável (tenho de mandar uma caixa de charutos ao Lobo Xavier), que para eles poderem viver com conforto não há outra alternativa que não seja liquidar os ciganos e os desempregados e acabar com o RSI e que para pagar a saúde deles não podemos pagar a saúde dos pobres. 
Com um terço da população exterminada, um terço anestesiado e um terço comprado, o país pode voltar a ser estável e viável. A verdade é que a pegada ecológica da sociedade actual não é sustentável. E se não fosse assim não poderíamos garantir o nível de luxo crescente da classe dirigente, onde eu espero estar um dia. Não vou ficar em Massamá a vida toda. O Ângelo diz que, se continuarmos a portarmo-nos bem, um dia nós também vamos poder pertencer à elite."»

José Vítor Malheiros - no Público