segunda-feira, 28 de julho de 2014

quarta-feira, 2 de julho de 2014

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'Um animal ferido'

Pior que um animal feroz é um animal ferido. (...) O ferido, situação em que se encontra agora Passos Coelho, como já nada mais tem a perder, age em desespero, esbraceja aleatória e automaticamente apenas para tentar sobreviver. Não sabemos o que fará a seguir e temos de temer o pior. (...)

Passos Coelho (...) está cada vez mais sozinho, isolado.
Sabe que o partido, do qual Marcelo o considera o pior líder de sempre, já só aguarda pelo seu sacrifício.
 
Sabe que no Governo, ao permitir o adeus de Relvas acusando-o de ingratidão, a carta de Gaspar revelando a sua falta de liderança e a subida de Portas a vice, cedendo à sua chantagem, perdeu toda a legitimidade.
 
Dos ministros ditos políticos, que deveriam ser os seus guarda-costas, apenas já se ouve e em murmúrio, Paula Teixeira da Cruz.
Ficou sem apoios, não há quem não o critique e o futuro é um vazio completo.

Passos não tem futuro em nenhuma grande instituição europeia, como Durão ou Guterres. (...) Nem sequer os dotes oratórios que lhe possam dar o palco do comentário político, onde proliferam os seus antecessores à frente do partido. Passos não tem nada.
 
Passos sabe que está no corredor da morte política.

O que lhe resta então?
 
Na sua bipolaridade cada vez mais evidente, que num dia o põe a alimentar todas as expectativas sobre o nosso crescimento económico e no outro a avisar para o choque de expectativas que teremos com o Orçamento, Passos é o tal animal ferido na sua dignidade.
 
Fisicamente envelheceu séculos e é a imagem de alguém que parece carregar aos ombros todo o peso do mundo.
Está verdadeiramente convencido de que está a salvar o país, apesar de todos sabermos que o País, tal como o conhecemos, pode não lhe sobreviver.
 
De um líder assim, que sabe que perdido por cem, perdido por mil, pode esperar-se tudo.
 
Há por isso que ter medo. Muito medo.

 
Filomena Martins -  directora-adjunta do Diário de Notícias