segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Um grego responde a um alemão

Desconheço se esta notícia é ou não real. Mas, o seu fundamento é deveras interessante. Vale mesmo a pena ler até ao fim e assim compreendermos a postura autoritária, austera, xenófoba e sem memória que os nossos compatriotas alemães querem escamotear.

------------------------------------------------
Um GREGO responde a um alemão

Absolutamente a ler até ao fim, esta resposta de um grego a uma carta enviada para a revista Stern escrita por um alemão que se sente ofendido com o "estilo de vida" grego.

“carta aberta” de um cidadão alemão, Walter Wuelleenweber, dirigida a “caros gregos”, com um título e sub-título: Depois da Alemanha ter tido de salvar os bancos, agora tem de salvar também a Grécia. Os gregos, que primeiros fizeram alquimias com o euro, agora, em vez de fazerem economias, fazem greves.

Caros gregos,
Desde 1981 pertencemos à mesma família. Nós, os alemães, contribuímos como ninguém mais para um Fundo comum, com mais de 200 mil milhões de euros, enquanto a Grécia recebeu cerca de 100 mil milhões dessa verba, ou seja a maior parcela per capita de qualquer outro povo da U.E.

Nunca nenhum povo até agora ajudou tanto outro povo e durante tanto tempo.
Vocês são, sinceramente, os amigos mais caros que nós temos. O caso é que não só se enganam a vocês mesmos, como nos enganam a nós.
No essencial, vocês nunca mostraram ser merecedores do nosso Euro. Desde a sua incorporação como moeda da Grécia, nunca conseguiram, até agora, cumprir os critérios de estabilidade. Dentro da U.E., são o povo que mais gasta em bens de consumo.
Vocês descobriram a democracia, por isso devem saber que se governa através da vontade do povo, que é, no fundo, quem tem a responsabilidade.

Não digam, por isso, que só os políticos têm a responsabilidade do desastre. Ninguém vos obrigou a durante anos fugir aos impostos, a opor-se a qualquer política coerente para reduzir os gastos públicos e ninguém vos obrigou a eleger os governantes que têm tido e têm.
Os gregos são quem nos mostrou o caminho da Democracia, da Filosofia e dos primeiros conhecimentos da Economia Nacional.
Mas, agora, mostram-nos um caminho errado. E chegaram onde chegaram, não vão mais adiante!!!
=============================
Na semana seguinte, o Stern publicou uma carta aberta de um grego, dirigida a Wuelleenweber:

Caro Walter, Chamo-me Georgios Psomás. Sou funcionário público e não “empregado público” como, depreciativamente, como insulto, se referem a nós os meus compatriotas e os teus compatriotas.

O meu salário é de 1.000 euros. Por mês, hem!... não vás pensar que por dia, como te querem fazer crer no teu País. Repara que ganho um número que nem sequer é inferior em 1.000 euros ao teu, que é de vários milhares.
Desde 1981, tens razão, estamos na mesma família. Só que nós vos concedemos, em exclusividade, um montão de privilégios, como serem os principais fornecedores do povo grego de tecnologia, armas, infraestruturas (duas autoestradas e dois aeroportos internacionais),
telecomunicações, produtos de consumo, automóveis, etc.. Se me esqueço de alguma coisa, desculpa. Chamo-te a atenção para o facto de sermos, dentro da U.E., os maiores importadores de produtos de consumo que são fabricados nas fábricas alemãs.

A verdade é que não responsabilizamos apenas os nossos políticos pelo desastre da Grécia. Para ele contribuíram muito algumas grandes empresas alemãs, as que pagaram enormes “comissões” aos nossos políticos para terem contratos, para nos venderem de tudo, e uns quantos submarinos fora de uso, que postos no mar, continuam tombados de costas para o ar.
Sei que ainda não dás crédito ao que te escrevo. Tem paciência, espera, lê toda a carta, e se não conseguir convencer-te, autorizo-te a que me expulses da Eurozona, esse lugar de VERDADE, de PROSPERIDADE, da JUSTIÇA e do CORRECTO.

Estimado Walter,
Passou mais de meio século desde que a 2ª Guerra Mundial terminou. QUER DIZER MAIS DE 50 ANOS desde a época em que a Alemanha deveria ter saldado as suas obrigações para com a Grécia.
Estas dívidas, QUE SÓ A ALEMANHA até agora resiste a saldar com a Grécia (Bulgária e Roménia cumpriram, ao pagar as indemnizações estipuladas), e que consistem em:

1. Uma dívida de 80 milhões de marcos alemães por indemnizações, que ficou por pagar da 1ª Guerra Mundial;
2. Dívidas por diferenças de clearing, no período entre-guerras, que ascendem hoje a 593.873.000 dólares EUA.
3. Os empréstimos em obrigações que contraiu o III Reich em nome da Grécia, na ocupação alemã, que ascendem a 3,5 mil milhões de dólares durante todo o período de ocupação.
4. As reparações que deve a Alemanha à Grécia, pelas confiscações, perseguições, execuções e destruições de povoados inteiros, estradas, pontes, linhas férreas, portos, produto do III Reich, e que, segundo o determinado pelos tribunais aliados, ascende a 7,1 mil milhões de dólares, dos quais a Grécia não viu sequer uma nota.
5. As imensuráveis reparações da Alemanha pela morte de 1.125.960 gregos (38,960 executados, 12 mil mortos como dano colateral, 70 mil mortos em combate, 105 mil mortos em campos de concentração na Alemanha, 600 mil mortos de fome, etc., etc.).
6. A tremenda e imensurável ofensa moral provocada ao povo grego e aos ideais humanísticos da cultura grega.

Amigo Walter, sei que não te deve agradar nada o que escrevo. Lamento-o. Mas mais me magoa o que a Alemanha quer fazer comigo e com os meus compatriotas.
Amigo Walter: na Grécia laboram 130 empresas alemãs, entre as quais se incluem todos os colossos da indústria do teu País, as que têm lucros anuais de 6,5 mil milhões de euros. Muito em breve, se as coisas continuarem assim, não poderei comprar mais produtos alemães porque cada
vez tenho menos dinheiro. Eu e os meus compatriotas crescemos sempre com privações, vamos aguentar, não tenhas problema. Podemos viver sem BMW, sem Mercedes, sem Opel, sem Skoda. Deixaremos de comprar produtos do Lidl, do Praktiker, da IKEA.

Mas vocês, Walter, como se vão arranjar com os desempregados que esta situação criará, que por ai os vai obrigar a baixar o seu nível de vida, perder os seus carros de luxo, as suas férias no estrangeiro, as suas excursões sexuais à Tailândia? Vocês (alemães, suecos, holandeses, e restantes “compatriotas” da Eurozona) pretendem que saíamos da Europa, da Eurozona e não sei mais de onde.
Creio firmemente que devemos fazê-lo, para nos salvarmos de uma União que é um bando de especuladores financeiros, uma equipa em que jogamos se consumirmos os produtos que vocês oferecem: empréstimos, bens industriais, bens de consumo, obras faraónicas, etc.

E, finalmente, Walter, devemos “acertar” um outro ponto importante, já que vocês também disso são devedores da Grécia:
EXIGIMOS QUE NOS DEVOLVAM A CIVILIZAÇÃO QUE NOS ROUBARAM!!!
Queremos de volta à Grécia as imortais obras dos nossos antepassados, que estão guardadas nos museus de Berlim, de Munique, de Paris, de Roma e de Londres. E EXIJO QUE SEJA AGORA!! Já que posso morrer de fome, quero morrer ao lado das obras dos meus antepassados.

Cordialmente,
Georgios Psomás

sábado, 12 de novembro de 2011

O mundo mudou, mudou na forma e nos conteúdos a comunicar.

Escrevi estas palavras há algum tempo atrás mas que me parecem actuais, por isso, decidi publicá-las.


A sociedade deixou há muito de valorizar a partilha, a cooperação e a inter-ajuda, tudo isto, entrou em desuso. O individualismo, há muito que se sobrepôs ao colectivismo.
Os sistemas cooperativistas caíram, coincidência ou não parece que tudo ocorreu quando se desfez outro muro ou cortina, fazendo crer que já não existia bem nem mal e que a esperança não era dona de ninguém. O futuro era agora de todos e para todos.

Na educação passamos a utilizar outros “ismos” e os apelos educacionais dos nossos progenitores, tornaram-se confusos, pois:
“Pensa por ti, tens que ser melhor do que os outros... tens que ser o melhor da turma, no futebol, na natação, na música, nos escuteiros, no Cambridge, no Colégio, em tudo que os outros nos colocam, com a premissa: “Tem que ser o melhor, entre os melhores”.
Mas ao Domingo, ou no dia litúrgico, consoante as nossas convicções/obrigações religiosas, e aí, todos nos diziam, mesmo o nosso Deus: “tens que ajudar os que precisam de ajuda, não sejas egoísta... A maior virtude da vida é saber repartir, no fundo é saber partilhar e o mais importante não é ganhar, nem ser o melhor dos melhores, mas sim dar aos outros”.

Discussões teológicas podem levar à inocuidade e nada nos ajudará a explicar a crise que todos vivemos. Ela tem os contornos que queremos equacionar, mas todos passámos em diagnosticar a crise e deixar aos outros para que estes encontrem as soluções dos nossos problemas.
Passámos para os outros a missão de solucionarem os nossos custos, os nossos luxos, os nossos desejos, as nossas vontades, as nossas dívidas, os nossos cartões de crédito, os nossos carros, as nossas casas e, quando entrarem nos nossos carros e nas nossas casas, o que nos irão dizer: “ “.

Foi o noticiário das 8, até amanhã, contamos com a sua companhia.

Enfim, mais ou menos ego(ismos) chegamos onde chegamos, mas como tudo na vida tem solução, excepto a morte, eis que surgiu a esperança, a solução numa única palavra “AUSTERIDADE”. De facto, a austeridade é algo penoso que alterará a qualidade de vida, os gastos, os costumes, as suas rotinas, as vontades...

Para mim o conceito de Austeridade é demasiado perigoso para que possa ser a solução de um perigoso colapso económico e financeiro que o nosso País, a Europa e o Mundo vive.

Talvez, os próximos 5minutos e 35 segundos do Sr. Professor Marck Blyth, nos possa elucidar que a Austeridade é um conceito muito perigoso.

http://www.youtube.com/watch?v=E1Kzp5EVUWg