Há algum tempo, certos amigos, com o desejo de acicatar, diziam-me “ouve o Professor Medina Carreira (MC), vê como tem razão na forma como avalia o país, o governo, um cenário catastrófico conjugado com muita desgraça que não permitiria alavancar esperança para o futuro do nosso país”.
Nessa mesma altura, referi que o Professor Medina Carreira, com todo o respeito pelo seu passado, é hoje uma pessoa fora do tempo, as suas criticas baseiam-se em meros disparates que funcionam como soundbytes para uma geração que desconhecia este senhor. Assim referi, e fazendo uso ao direito à critica, vivo num país livre e com uma democracia sólida, que permite discordar de todos aqueles que olhavam para o Professor MC, como uma espécie de guru, visionário, ou mesmo um “messias” que vislumbrava um tempo de trevas que iremediavelmente nos conduziria ao fracasso.
Porém, o Professor Medina Carreira descobriu que o problema tinha resolução, uma solução fácil, necessária, barata e útil para o país, a mudança de governo era o antídoto da doença...
Continuei a dizer que o MC estava desajustado e as suas professias da desgraça não contribuiam, em nada, para aliviar uma crise com contornos nacionais, europeus e internacionais. Ou melhor, uma crise iniciada por especuladores internacionais, com o objectivo de decapitar a zona euro e que esta, com um misto de miopia, conservadorismo e até com uma restia xenófoba (dos mais fortes) não conseguiria sobreviver, por consequência, o nosso país continuaria periférico e secundário à resolução do problema.
Contudo, eram necessárias medidas de austeridade e de equidade, mas só seriam proficuas se a Europa voltasse a “beber” dos princípios da criação da Comunidade Europeia, fazendo renascer a vontade dos seus fundadores, o desejo de unir esforços para que a união de povos, com objectivos comuns, possa sobreviver e almejar um futuro melhor. Hoje, os dirigentes europeus “são fracos”, incomparavelmente inferiores aos seus fundadores (Jean Monnet, Robert Schuman ou Paul-Henri Spaak).
Sabemos que os tempos eram, são e serão difíceis para contornar esta crise iniciada há muito, mas o que me levou a escrever estas palavras, é que passados quase quatro meses de “uma nova era governamental”, os mesmos amigos, que outrora me diziam ouve o Prof. Medina Carreira, agora, dizem estar “xoné” e que já não diz coisa com coisa...
Pois bem, eu continuo a dizer o mesmo que dizia há uns tempos atrás. Aos meus amigos apelo à coerência, pois para mim, com todo o respeito pelo MC, este continua fora do tempo, por muito conveniente que me seja ouvi-lo dizer mal deste novo governo!