Desengane-se quem pensa que esta
crise governamental terminou. Depois das irrevogáveis demissões e da carta
gaspariana, com o pedido de clemência de todo o falhanço de políticas deste
(des)governo, nada poderá contrariar o óbvio - “A coligação fez TILT”.
A direita suspira de alívio e
acredita na ilusão de que os portugueses possam voltar atrás e acreditar que
agora sim, um governo coeso… que pífia conclusão: a ajuda do Sr. Aníbal Silva veio
apenas, e tão só, mostrar o que todos já sabemos, para este senhor, sempre que
tiver que escolher entre o interesse do País e o do seu PSD, ele optará, como
sempre, pelo do seu partido, não fosse ele o político há mais tempo em exercício
(foi Ministro, foi 10 anos PM e caminha para mais 10 anos de PR), tudo somadinho
dá-lhe o estatuto do maior responsável pelos falhanços deste país.
E agora, o ministro irrevogável
(Portas) negoceia com a UE, BCE e FMI pedindo mais flexibilidade financeira,
solicitando rotura com as politicas de ex-Gaspar, porém quem tem a tutela das finanças
é a Sr.ª ministra Swap, que não passa de uma discípula de toda a politica de
corte e de grande austeridade levada a cabo… Enfim, esta novela mexicana promete
mais uma série de episódios circenses com os acrobatas e bailarinos do costume.
No meio de tudo isto, António
José Seguro mostrou que está mais capaz e que poderá ser o que muitos
portugueses duvidavam, o futuro 1º ministro. É certo que, no meio desta
tempestade, o tempo poderá não jogar a seu favor, uma vez que manter uma
popularidade alta não é tarefa fácil porém, a médio prazo, o fato pode começar
a servir e São Bento fica tão perto do Largo do Rato…
Estas duas semanas foram tão
esclarecedoras do jogo de interesses que estas crises proporcionam entre
interessados e interesseiros, com os vários cálculos de pseudo-analistas de
ocasião. No meio deste tumulto muitos interesses estão em jogo, deixar o poder
é deixar de cozinhar… e há tantas privatizações em curso, tanto dinheirinho
para distribuir…
Por falar em dinheirinho, que
bela escolha o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, mais um velho amigo do
Sr. Cavaco, mais um que lapidou o BPN…
Por último, deixo um artigo,
publicado hoje no jornal I do camarada e amigo Pedro Nuno Santos, no qual me revejo
na íntegra sendo as suas palavras esclarecedoras sobre alguns dividendos
políticos que muita gente tentou fazer em torno da decisão da dita salvação
nacional.
Considerando as opiniões destes analistas “independentes”, podemos afirmar com segurança que, caso António José Seguro tivesse decidido assinar um acordo que aceitasse cortes nas pensões e despedimentos na função pública, não o acusariam de ter cedido aos empresários ou às suas próprias pressões. Não, nesse caso teria sido corajoso. Acontece que em democracia não é a direita sozinha que determina qual é a decisão correcta e corajosa.
O Partido Socialista é um partido livre e transparente e os seus militantes são cidadãos plenos, com o direito de defenderem interna e publicamente o que acham mais acertado para o país. Naturalmente que depois são os órgãos internos a definir as posições finais. Na realidade, o que estes comentadores e analistas queriam era que apenas fossem ouvidas pressões para que o acordo fosse assinado. Pressões, só as deles.”
“ Foram
vários os comentadores e analistas políticos que abordaram criticamente a
manifestação pública de opinião, por parte de alguns históricos do Partido
Socialista, sobre a eventual assinatura de um acordo de salvação nacional. A
maior parte com o objectivo de assim diminuírem a decisão final do
secretário-geral do PS. Segundo aqueles, António José Seguro teria cedido às
pressões internas do seu partido. Esta análise
repetida por vários comentadores, muitos deles comprometidos politicamente com
o Presidente da República e com os partidos que apoiam o governo, revela uma
preocupante falta de cultura democrática.
Podemos
concluir destas análises que estes comentadores consideram que os militantes
dos partidos políticos, em matérias com a importância desta, devem estar
calados ou falar apenas dentro das sedes partidárias. Como não os ouvimos
queixar-se dos apelos e das pressões de grupos de empresários, ou mesmo de si
próprios, podemos concluir que consideram os militantes do Partido Socialista
cidadãos menores. Isto é, Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes, José Gomes
Ferreira, Camilo Lourenço ou Alexandre Relvas podem pressionar os partidos da
forma que entenderem, mas Mário Soares e Manuel Alegre não.Considerando as opiniões destes analistas “independentes”, podemos afirmar com segurança que, caso António José Seguro tivesse decidido assinar um acordo que aceitasse cortes nas pensões e despedimentos na função pública, não o acusariam de ter cedido aos empresários ou às suas próprias pressões. Não, nesse caso teria sido corajoso. Acontece que em democracia não é a direita sozinha que determina qual é a decisão correcta e corajosa.
O Partido Socialista é um partido livre e transparente e os seus militantes são cidadãos plenos, com o direito de defenderem interna e publicamente o que acham mais acertado para o país. Naturalmente que depois são os órgãos internos a definir as posições finais. Na realidade, o que estes comentadores e analistas queriam era que apenas fossem ouvidas pressões para que o acordo fosse assinado. Pressões, só as deles.”