A esta hora estará meio mundo a ver a bola. Tudo ONline no encontro Benfica
x Porto mas, no meio desse epifenómeno futebolístico, veio à memória a minha
infância, o dia 23 de dezembro, dia em que ia para casa dos meus avós maternos fazer
as filhós, e não filhoses como a maioria dos beirões pronunciam.
A esta hora estava o meu avô Joaquim na loja a escolher os melhores paus/cepos para a lareira, que iriam acender as melhores brasas, para que a
panela/frigideira de ferro, cheia de óleo e azeite, recebesse a melhor massa
para as belas filhós.
O melhor de todo este momento era o convívio familiar. Vinha a prima
Gininha e todos os familiares mandar o seu palpite:
“Antoninha a massa está grossa! Oh Sr. Joaquim o lume está muito forte! Oh
Claudete não sei se vais ter sorte! “
Bem, eu esperava pelo momento de deitar o açúcar nas filhós, mas o melhor
estava para o fim. A noite tão saborosa terminava com a última massa, para se
fazer o famoso boneco com cabeça tronco e membros e uma grande “pila”, sem ela
o boneco não estava pronto!
São estes momentos que me fazem recordar os melhores Natais!
Mas hoje é dia de se fazer cá em casa as melhores Rabanadas!
As rabanadas da minha mulher são provavelmente as melhores Rabanadas do
Mundo!
Ao som de algumas músicas natalícias vamos dar início….porra marcou o
Porto! Por falar em Porto venha o vinho do Porto para a feitura das Rabanadas!
As minhas filhas leem a
Noite de Natal de Sophia de Mello Breyner
Andresen!