Passado um ano da queda de um governo legitimamente eleito, porque não era então possível exigir mais austeridade aos portugueses, ipsis verbis do então líder da oposição (Passos Coelho). E depois de mais uma temporada de promessas eleitorais, eis que a avaliação à qual poderemos submeter este governo é óbvia: falhou, escolheu os piores caminhos, pelo que a consequência desse autismo governativo é a vida dos portugueses que está cada vez pior: mais desemprego, mais pobreza, menos cidadania, menos protecção social e um desinteresse ”galopante” dos cidadãos em relação à classe politica.
Dizer-se que os políticos são
todos iguais e que não há diferenças nas lateralidades é um erro perigoso, há até
quem julgue que já não é possível governar à esquerda, uma vez que os banqueiros
e especuladores económicos serão aqueles que ditam as regras. Nunca foi tão
visível, os senhores da Goldman Sachs serem chamados a orientar os destinos de
alguns países, que eles próprios ajudaram a colapsar. Por vezes a análise política
é demasiada “aligeirada” e isso poderá conduzir a um descontrolo social com
consequências nefastas.
Provavelmente, nas últimas
décadas, nunca foram tão evidentes as diferenças ideológicas que compõem o espectro
partidário. Um belo exemplo de que o socialismo democrático faz falta ao Mundo
e sobretudo a uma Europa imóvel, letárgica e incapaz de dar sinais de arranque
é o já fenómeno, Hollande. Assim e a pouco mais de dois meses de liderar os
destinos dos gauleses, o seu cunho é já patente e bem diferente de Sarkozy, de
tal modo que a Sr.ª Merkel tem tido dificuldade em impor a sua agenda austera e
de “insensibilidade ariana” com os demais parceiros europeus.Alguns exemplos ajudar-nos-ão a compreender que as decisões e as estratégias de cada líder poderão criar factores diferenciadores, permitindo aos seus cidadãos uma vida melhor, de incentivo ao crescimento económico de forma a ser possível apoiar os mais vulneráveis e os mais desfavorecidos, capaz de acordar um país, uma Europa e o Mundo, contrariando o pessimismo dos “agiotas económicos” que não são mais do que os grandes promotores e profetas da desgraça.
Pois bem, o sr. Hollande em
funções há pouco mais de 60 dias, entre as muitas medidas tomadas, gostaria de
destacar:
- Elaborou um documento (12
linhas) para todas as agências de estado dependentes da administração central
em que comunica a supressão dos veículos de empresa desafiando com “frases” os
altos funcionários, como se um executivo que ganha 650.000 euros ano, não se
pode dar ao luxo de comprar um carro bom com seus próprios rendimentos do trabalho.
Isso significa que é demasiado ambicioso, é estúpido, ou que é desonesto. O
país não precisa destes tristes regalias. Touchè. Fora com a Peugeot e com a
Citroen? O que é certo, é que a sua intervenção permitiu salvar postos de
trabalho. 345 Milhões de euros serão transferidos para a criação (abertura de
15 de agosto de 2012) em alta tecnologia avançada de 175 institutos de
investigação científica, assumindo a contratação de 2560 desempregados jovens
cientistas para aumentar a competitividade e a produtividade da nação.
- 100 carros oficiais foram
removidos e leiloados, aproveitando este valor para o fundo de previdência tendo sido distribuído para as regiões com o
maior número de centros urbanos com os subúrbios ruinosos.- Ele tem abolido o conceito de paraíso fiscal (definido socialmente imoral) e um decreto presidencial de urgência pela fixação de uma percentagem do aumento na tributação para todas as famílias que ganhem mais de 5 milhões de euros por ano. Com esse dinheiro (mantendo assim o pacto fiscal) sem afectar o orçamento de estado, contratou 59.870 licenciados desempregados, dos quais 6.900 a partir de 1 de julho de 2012 e, em seguida, outros 12.500 a partir de 1 de Setembro, como Professores no ensino público.
- Ele privou os subsídios do
estado da Igreja de 2,30 milhões de euros financiados exclusivas escolas
particulares, e lançou-se (com dinheiro) um plano para a construção de 4.500 jardins-de-infância
e 3.700 de ensino, infra-estruturas nacionais a partir de um investimento do
plano de recuperação.
- Estabeleceu o conceito
presidencial “bono-cultura”, um mecanismo que permite a qualquer pessoa pagar
zero impostos se constituir como uma cooperativa e abrir uma livraria
independente de contratação de pelo menos dois graduados desempregados na lista
de desempregados, a fim de economizar dinheiro para as despesas públicas e
fazer uma contribuição mínima para o emprego e para o relançamento de novas
posições sociais.
- Aboliu todos os subsídios do
governo para revistas, fundações e editores, substituindo-os por comités de
estado de empresários que financiarem actividades culturais com base na
apresentação de planos de negócios relacionados a estratégias de marketing
avançadas.
-Lançou um procedimento muito complexo em que
bancos oferecem uma opção (sem impostos): desde empréstimos a empresas
francesas que produzem bens recebe benefícios fiscais, oferecendo instrumentos
financeiros pagos a uma taxa adicional: take it or leave it.
- Reduziu os salários de todos os
funcionários do governo. Reduziu 32 e 40% a todos os membros do Estado, altos
funcionários, que ganham mais de 800 000€ por ano. Com essa quantidade (cerca
de 4 milhões de euros), que estabeleceu um fundo que oferece garantias às mães solteiras
um bem-estar em condições financeiras difíceis, garantindo um salário por um
período de cinco anos até que seu filho vai para a escola primária e três anos
se a criança é maior. Tudo isso sem alterar o equilíbrio do orçamento.
O Presidente francês, François
Hollande, reduziu o seu salário e a todo o novo executivo em 30%. (Quando
Sarkozy chegou ao poder em 2007, uma das primeiras medidas tomadas foi aumentar
o salário, cerca de 170%.). Hollande fez com que o primeiro-ministro Jean-Marc
Ayrault, em vez de receber 21.300 euros, receba 14.910 euros por mês.
Por outro lado, o salário bruto
de 34 gestores departamentais passaram de 14.200 euros por mês para 9.940€.
O resultado destas e de outras
medidas de Hollande são surpreendentes! A propagação dos bunds alemãs caíram, e
não é pura magia. A inflação não aumentou. A competitividade da produtividade
nacional aumentou no mês de Junho pela primeira vez em três anos.
Será que Hollande é um génio da
economia? Ou, simplesmente, um homem com bom senso e que arrasa com as
brejeirices que “todos os políticos são iguais...”.
Há quem se esteja a “lixar” para
as eleições ou até mesmo para quem os elegeu, porém há quem governe para que as
pessoas possam viver melhor e assim se conclua que é possível governar melhor.