sábado, 21 de maio de 2022

Ó morro do castelo! (Da minha terra)


 Ó morro do castelo! (Da minha terra)

Alto Morro, Castelo de Agosto ao luar
agitação de folhas de pedra ao vento quente!...
Entre sorrateiros redemoinhos e fragas,
imponentes e silentes sopros de uma voz,
reergue-se um Ser de Cristalino Mistério
embalando uma doce oração de bátegas d'água
e de preces benzidas pelos feixes de luz da lua
o morro alonga-se num sopro leve de ternura...
No horizonte profundo se incendeiam jorros íntimos
de ícones, de Homens, de pedras, de arbustos,
cinzelando histórias e lendas de crepúsculos e derriços!
Estas fragas, carrilhões de Catedral, atiçam fogueiras antigas,
mas tão presentes..., tão pranhas de sonhos e mitos.
Vem o amor na brisa do planalto eterno
rasgado no meu peito por infinitas brincadeiras...
Aqui, em cima deste morro, bailam intensos afectos
nas batidas do relógio e os ponteiros tranquilos
sorriem infantis receios e cristalinas ânsias.
Sinto-me feliz no cume deste Morro e oiço o vento
trazer o alegre divertimento deste único luar!...

in Um Outeiro de ninguém, Editorial Minerva, 1998

Nenhum comentário: