quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Uma Escola...

Por vezes, somos surpreendidos com raciocínios de bastante interesse de autores que não temos a maior das admirações e por quem presumivelmente não tem um conhecimento específico sobre o assunto tratado. Neste caso, é um texto de António José Seguro sobre o tema “ A Escola Ideal”, não é um texto que transmita algo de concreto que se possa concretizar no presente, um novo paradigma mas sim, uma ilusão, uma utopia futurista que norteia e que aguce um desafio constante e permanente.
Será sempre difícil para um político poder desligar-se dos mecanismos e automatismos que a mesma nos obriga. A visão de um pedagogo, é sempre um desafio diferente e terá uma perspectiva mais naturalista, contudo rendo-me ao texto de António José Seguro, porque não deixa de ser uma visão da qual tem um interesse na defesa de uma escola de todos e para todos, com a quimera necessária de que um dia a escola seja como Comenius a projectou “Ensinar tudo a todos”.

Cito:
Na escola ideal para os meus filhos “todos são filhos e não háenteados”. Todas as crianças são tratadas pelo seu nome. Há meninos emeninas de várias culturas e nacionalidades. As origens e os percursosde vida são conhecidos e partilhados. A diferença é cultivada evalorizada como uma riqueza da Humanidade. A diferença suscita acuriosidade, o interesse e o respeito. Ser diferente soma e une.Na escola os professores são referências. Pela sua visão do mundo,pelo que sabem, pela forma como transmitem o conhecimento, pela suadisponibilidade e pela sua dedicação, exclusiva, a ensinar a aprender.
Os professores são pessoas felizes e realizadas. São amigos.Na escola ideal ensina-se a aprender e a ter gosto em continuar aaprender ao longo da vida, dando expressão à ideia de Agostinho da Silva que a escola deve ser um local onde eu possa ir 24 horas pordia, 365 dias no ano, perguntar tudo o que não sei e poder conversarcom todas as outras pessoas que vão fazer o mesmo que eu.Na escola ideal não há apenas alunos e professores. Há pais e toda umaaldeia, uma vila ou uma cidade necessária para a educação de cada umadas crianças. Há professores e profissionais especializados.
Nesta escola não há muros nem grades divisórias. É integralmenteconstruída em paredes de vidro - bem no centro da cidade.
A escola é o coração do espaço público e os seus jardins e espaços verdesconfundem-se com a envolvente urbana. As vias pedonais atravessam aescola e o campo de recreio é visível por todos. Nesta escola aeducação cívica não substitui a educação devida pelos pais mascomplementa-a na busca de uma sociedade mais solidária. Não há temas tabus e a educação sexual é encarada com naturalidade.
Os comportamentos violentos, de discriminação e de bullying são abordadose discutidos por todos e a inclusão é explicada como forma de vida. Não se escondem as desigualdades sociais e explica-se abertamente porque razões existem e de que forma podemos corrigi-las. A escola ideal não reproduz a sociedade. Puxa pela sociedade. Vai à frente.Na escola ideal há livros que não param de chegar e que se juntam aosclássicos. Apreende-se a História do meu país e a Universal. Desenvolve-se a compreensão. Aprendem-se línguas. A língua portuguesaem primeiro lugar. Estimula-se o raciocínio, a criatividade e aimaginação.
As crianças não abandonam a escola sem saberem ler,escrever, contar e falar. A escola prepara para a vida. Para o mercadode trabalho, mas também a ser Homens e Mulheres. Profissionais empreendedores, competentes e cidadãos responsáveis.Uma escola exigente, com igualdade de oportunidades para todos, quenão deixe ninguém para trás e que garanta condições de afirmaçãoindividual das competências de cada aluno.Uma escola com tempo para aprender, para praticar desporto, brincar econviver. Uma escola que promove as ideias e incentiva a critica. Que ensina a utilizar as novas tecnologias e nos envolve no mundo dasartes. Onde se aprenda que o ser é mais importante que o ter.

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