Tenho lido os artigos no jornal I, todas as quarta feiras,
do meu camarada e amigo Pedro Nuno Santos, estes fazem-me admirar a sua perspicácia
política e a forma como expõe os seus pontos de vista. A sua visão faz, sem
dúvida, dele uma esperança do panorama político do país e, em especial, do
Partido Socialista.
Reparei que esta semana dirigiu as suas palavras ao agiota Soares dos Santos. Admirei, uma vez mais, a sua capacidade de síntese e o seu poder de desmascarar um dos muitos usurpadores do capitalismo deste velho Portugal… Entendo, por isso, a publicação desse mesmo artigo.
Reparei que esta semana dirigiu as suas palavras ao agiota Soares dos Santos. Admirei, uma vez mais, a sua capacidade de síntese e o seu poder de desmascarar um dos muitos usurpadores do capitalismo deste velho Portugal… Entendo, por isso, a publicação desse mesmo artigo.
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Caro
Alexandre Soares dos Santos, sou cidadão português e deputado na Assembleia da
República. Sou, portanto, um dos destinatários dos inúmeros conselhos que tanto
gosta de dar aos políticos, aos jovens e aos portugueses em geral. Mas eu
também tenho algumas coisas para lhe dizer. O senhor é um dos poucos vencedores
do euro e das taxas de juro baixas – com uma moeda mais forte que o escudo
conseguiu passar a importar mais barato, e com taxas de juro historicamente
baixas, conseguiu o crédito necessário para, em poucos anos, alargar a todo o
país a sua rede de distribuição e investir no estrangeiro. Pelo caminho,
contribuiu negativamente para o saldo da nossa balança comercial, “aniquilou” o
comércio tradicional e esmagou as margens de lucro dos pequenos produtores
agrícolas.
Como se isto não fosse suficiente, ainda teve o descaramento de, em plena crise, transferir a domiciliação fiscal do seu grupo económico para outro país. E assim, ironicamente, enquanto o povo português faz das tripas coração para pagar esta crise, o senhor (ao que parece, um dos homens mais ricos do mundo) deixa de pagar em Portugal os impostos que eram devidos pelo lucro obtido cá, para pagar menos na Holanda.
Encontrou ainda, apesar de a economia
portuguesa estar em recessão, uma oportunidade de negócio em mais um sector
protegido da concorrência internacional – depois de o sector da distribuição, o
sector da saúde – montando uma rede de clínicas médicas low cost. À luz deste
investimento, compreendem-se melhor as críticas que faz à “subsidiodependência”,
ou quando afirma que “andamos sempre a mamar na teta do Estado” – quanto menos
o Estado investir no Serviço Nacional de Saúde, maior será o número dos seus
clientes, correcto?
Caro Alexandre Soares dos Santos, permita-me a ousadia de
lhe dar um conselho: use parte da fortuna que amealhou neste país para investir
na indústria. Desenvolva, por exemplo, uma bicicleta eléctrica: proponha-se
entrar no capital de uma empresa portuguesa de bicicletas já existente,
contrate uma equipa de jovens engenheiros para conceberem baterias eléctricas,
invista no design da bicicleta e na sua promoção e use a rede de distribuição
de que dispõe para as lançar no mercado.
Arrisque, mostre que também é capaz de
produzir coisas e de as exportar; como fazem já os empresários do sector do
calçado, que desenvolvem produtos reconhecidos internacionalmente, que correm
meio mundo para garantir encomendas e ainda contribuem para o aumento da
produção nacional e positivamente para o saldo da nossa balança comercial.
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