É urgente repensar, inflectir, para que se não cometa uma das maiores atrocidades paisagísticas no Douro Vinhateiro, com atenção particular ao ancião Vale da Veiga de Longroiva, junto à ribeira de Piscos.
« Esta planura ocupa o extenso "graben" que ali se formou. Durante mais de dois milénios aquele espaço foi destinado essencialmente ao pastoreio, mantendo um extenso baldio junto da ribeira. A partir de meados do século XIX tornou-se uma zona rica de vinhedos e de olivais, após a arrematação ou a ocupação abusiva dos baldios por parte de alguns senhorios. Quase no extremo norte do vale mantém-se ainda um testemunho do aproveitamento agro-pecuário, que a Ordem de Cristo aqui fez, conservado no nome da "Quinta do Chão de Ordem"».
A conclusão da construção do IP 2, que finalmente ligará as duas capitais de distrito Guarda e Bragança é, sem dúvida, uma via estruturante ao desenvolvimento destas regiões. No entanto, é importante repensar e inflectir sobre o que parece estruturante e vital, que no futuro se poderá revelar fatídico tornando-se numa “betãonizada”, afectando um dos vectores importantíssimos da região, o Turismo e o desenvolvimento agrícola.
A sua riqueza paisagística e todo o património envolvente, ficará atolado com a construção deste traçado rodoviário.
Reparamos já que houve alterações ao traçado inicial, tendo certamente funcionado influências como é prova o desvio à Quinta do Vale Meão.
Não vou incentivar desconfiança entre como e quem está adjudicar e concessionar os terrenos... Porém os interesses em cumprir prazos e a excessiva celeridade é, por vezes, um péssimo indicador e precipita a ignorância. Celeridade não é sinónimo de rigor, desconhecem-se os estudos efectuados, sobre o seu impacto ambiental, paisagístico, arqueológico, patrimonial...e quais os critérios impostos que levaram a este atropelo feroz e que certamente irão culminar na destruição de um dos mais belos lugares da nossa Região.
Infelizmente é impossível ver alguns Durienses, que já não habitam entre os mortais (Aquilino Ribeiro ou Miguel Torga ), levantarem-se contra este atentado certamente com a astucia de quem melhor sabe expressar o demais evidente, obrigando os agentes políticos envolvidos a repensar a atrocidade que estão a cometer.
Hoje, 11 de Julho, no salão nobre da Câmara Municipal de Mêda, o Secretário de Estado das Obras Públicas (Dr. Paulo Campos) e o Presidente da Câmara Municipal de Mêda (Dr. João Mourato) assinam provavelmente o atestado de óbito do Vale da Veiga.
Mais uma vez, o Sr. João Mourato nada faz, nada fez para impedir este traçado do IP 2. Este ficará certamente na história como um dos responsáveis por este assassinato, marcando-a como um inerte que nada faz para o bem do concelho da Mêda.
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